Migalhas Quentes

Para Cueva, demora em fila de banco não gera dano moral presumido

A 2ª seção começou a julgar a questão. Ministra Nancy Andrighi pediu vista, adiando a análise.

13/9/2023

A 2ª seção do STJ começou a julgar se a lentidão excessiva para atendimento bancário presencial, em tempo superior aos definidos em legislação específica, gera dano moral presumido (in re ipsa). A controvérsia está cadastrada como Tema 1.156.

Até o momento, votou o relator, ministro Villas Bôas Cueva, no sentido de que a demora na prestação de serviços bancários superior ao tempo previsto em legislação específica, não gera dano moral individual in re ipsa apto a ensejar indenização ao consumidor.

A ministra Nancy Andrighi pediu vista, adiando a análise.

STJ julga se demora em fila de banco gera dano moral presumido.(Imagem: Freepik)

Sustentações

O representante do Banco do Brasil, advogado Rafael Martins Pinto da Silva, ressaltou que, embora seja uma situação indesejável, a demora no atendimento bancário constitui um mero dissabor, e um aborrecimento cotidiano e tolerável.

Sustentando pela Febraban, o advogado Luiz Rodrigues Wambier disse que se espera que a hipótese de mera violação de legislação municipal ou estadual que estabeleça tempo máximo de espera em fila de banco não é suficiente para gerar dano moral individual in re ipsa.

O advogado Marcos Dessaune, pela Brasilcon - Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor, ressaltou que a controvérsia pode ser definida pelo desvio produtivo do consumidor e, nesse sentido, que a demora gera dano extrapatrimonial de natureza existencial presumido pela lesão ao tempo e às atividades existenciais personalíssimos do consumidor.

Pela Defensoria Pública do PR, Erick Lé Palazzi Ferreira sustentou que a perda do tempo sofrida pelo consumidor é parcela tomada de seu tempo de vida, e ocorre por "clara falha na prestação de serviço" e constitui dano ao direito fundamental à vida, à autonomia privada e à dignidade da pessoa humana, tendo caráter definitivo, e não mero aborrecimento.

Na tribuna, o advogado Walter José Faiad de Moura falou pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor defendendo a manutenção da jurisprudência do status quo, em prol do consumidor.

Dano moral, não

O relator, ministro Villas Bôas Cueva, propôs a fixação da seguinte tese:

"A demora na prestação de serviços bancários superior ao tempo previsto em legislação específica, não gera dano moral individual in re ipsa apto a ensejar indenização ao consumidor."

No caso concreto, o ministro ressaltou que é necessário, além do ato ilícito, estejam presentes também o dano e o nexo de causalidade, tendo em vista serem elementos da responsabilidade civil.

Na hipótese, o autor não demonstrou como a espera na fila do banco causou prejuízos, circunstância que não ultrapassou o a esfera do mero aborrecimento cotidiano.

Assim, deu provimento ao recurso especial.

Após o voto, a ministra Nancy Andrighi pediu vista.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Caixa é condenada a pagar multa por violar tempo de espera em fila

22/5/2023
Migalhas Quentes

No STJ, Instituto defende indenização a consumidor por perda de tempo

16/3/2023
Migalhas Quentes

Homem que passou mais de uma hora em fila de banco não será indenizado

23/5/2018

Notícias Mais Lidas

Em petição absurda, advogado ataca juíza: “resquícios de senzala”

20/3/2025

STF valida resolução do CNJ sobre jornada de trabalho no Judiciário

20/3/2025

STF forma maioria para negar recursos de Bolsonaro e Braga Netto

19/3/2025

Aluna da USP que desviou R$ 1 mi e tirou CRM fará exame psicológico

20/3/2025

Procuradora exibe vídeo forte no STF e Toffoli adverte: “não deixaria”

20/3/2025

Artigos Mais Lidos

Usucapião familiar – Proteção da propriedade e dignidade social

20/3/2025

Possibilidade de alteração de beneficiário de VGBL e PGBL por meio de disposição testamentária – Planejamento sucessório

21/3/2025

In dubio pro societate x standard probatório intermediário: Testemunho indireto e provas inquisitoriais na pronúncia

20/3/2025

STJ: A singularidade entre o direito real de habitação e os direitos hereditários

19/3/2025

O grande mito do investimento governamental no agro: Quem realmente financia a produção rural no Brasil?

20/3/2025