Aconteceu nesta quinta-feira, 29, o último debate entre os candidatos à presidência antes do primeiro turno das Eleições 2022.
O encontro contou com a presença de sete candidatos: Ciro Gomes (PDT), Felipe d'Avila (Novo), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Padre Kelmon (PTB).
A transmissão é feita pela Globo, com mediação de William Bonner.
O debate teve início pontualmente às 22h30.
Confira alguns momentos do debate:
O primeiro a perguntar foi Ciro Gomes, que se dirigiu a Lula questionando a "herança" deixada pelo PT nos anos de governo. "Ciro, estou achando você nervoso", disse o petista.
Segundo a perguntar foi o padre Kelmon. Ele fez a pergunta a Bolsonaro e aproveitou para criticar "a esquerda", envolvendo religião pela primeira vez no debate: "Nós sabemos qual é o plano da esquerda. Sabemos que a igreja quer calar a voz dos padres, da igreja."
Em sua fala, Bolsonaro atacou a imprensa: "Acabei com a mamata, em especial a grande mídia. A rede Globo foi uma". Disse, ainda, que Lula defendeu que ladrões roubam celulares para "tomar uma cervejinha".
Em seguida, foi reprimido por William Bonner por falar em momento inoportuno. "Seu microfone está fechado porque não é sua vez de falar. As regras serão respeitadas, candidato Bolsonaro."
Em novo momento de fala, o atual presidente usou seu tempo para atacar Lula, que lidera as pesquisas eleitorais: "Mentiroso, ex-presidiário, traidor da pátria. Rachadinha teus filhos roubando milhões de empresas após a tua chegada ao poder. Que CPI é essa da farsa que você veio defender? O que achou a meu respeito? Nada."
"Vou fazer um decreto acabando com o seu sigilo de 100 anos", rebateu Lula, em provocação a Bolsonaro. "O presidente quando aparecer por aqui, por favor minta menos."
Mais uma vez, Bonner pediu que o atual presidente respeite as regras do debate, sem atrapalhar a dinâmica.
Posteriormente, o candidato Ciro Gomes afirmou que, no período do PT, “a corrupção se generalizou de um jeito tal que não dá para esconder”.
Em seguida, Bolsonaro acusou Lula de ter sido o mentor intelectual do assassinato de Celso Daniel. Nesta quinta-feira, o TSE já havia dito que a acusação é fake news.
Lula pediu direito de resposta para rebater as falas. Em defesa, disse, indignado, que “não é possível conviver com alguém com essa cara de pau. Celso Daniel era meu amigo, o melhor gestor público que esse país teve".
Em momento de fala, Soraya Thronicke errou o nome do candidato Padre Kelmon. Para não cometer mais o equívoco, a candidata optou por chamá-lo de “candidato padre”.
No embate, Soraya fez uma acusação ao "candidato padre". Ela afirmou que Kelmon, “depois do auxílio emergencial, conseguiu um novo emprego de cabo eleitoral”.
Ao candidato Felipe d'Avila, Lula disse que queria que o candidato compreendesse que a lei de cotas é apenas um pagamento de uma dívida do Brasil por centenas de anos de escravidão.
Em seguida, houve debate entre Simone e Bolsonaro. Ao ser questionado sobre desmatamento, Bolsonaro rebateu dizendo que o Brasil é um exemplo para o mundo. “Somos um dos países que menos emitem gases”. Bolsonaro afirmou, ainda: "a senhora está com muito ciúmes de Tereza Cristina, que tirou sua vaga do Senado Federal pelo Mato Grosso do Sul". Simone rebateu: “É tão impressionante. Mente tanto que acredita na própria mentira”.
Em momento de fala, Padre Kelmon disse ao candidato Ciro Gomes: "vocês fizeram da nossa universidade um lugar para formar soldadinhos que vão defender ideologias que estão matando tantas pessoas na America Latina. Vemos jovens usando camisas do Che Guevara. Eu pergunto a você, universitário: Você sabe quem foi Che Guevara? Um assassino de sacerdotes".
Ao responder sobre o tema "Relacionamento com o Congresso", Bolsonaro afirmou: "Botei um ponto final no toma lá dá cá". Em seguida, foi questionado sobre o orçamento secreto por Felipe d'Avila. "Não existe da minha parte qualquer conivência com o orçamento", respondeu o presidente.
Sobre reforma tributária, Soraya alfinetou o atual presidente: "Pessoal que adora comprar tudo no dinheiro vivo vai ter problema."
Após interrupções do suposto sacerdote, Bonner reprime o candidato: "O senhor compreendeu que tem regras o debate? Concordou com elas. Basta cumpri-las. Quando o seu adversário está falando, é só aguardar. Por favor, em respeito ao público."
Lula sobre o autointitulado padre: "Candidato laranja não tem respeito por regras. Candidato laranja faz o que quer".
Posteriormente, questionado por Kelmon sobre corrupção, Lula rebateu dizendo: “quando quiser falar de corrupção, olhe para outro e não para mim”. Em resposta, Kelmon afirmou “o senhor nem deveria estar aqui como candidato a presidente da república. O senhor é um ator, mente o tempo todo”.
Este talvez tenha sido o momento mais acalorado do debate. E, para finalizar, Lula rebateu "Eu tenho uma história de vida que o senhor não conhece. Eu vou voltar a ser Presidente da República porque o povo brasileiro está cansado de gente da sua espécie, de gente mentirosa. O senhor nem deveria se apresentar como candidato. De onde você veio?".
Bolsonaro teve direito de resposta liminarmente negado. De fato, segundo Bonner, "o candidato Bolsonaro pediu direito de resposta, mas sequer foi citado".
Questionado sobre a cultura, Ciro Gomes afirma que é ela que “afirma a identidade de um país, de uma Nação. Minha proposta: recriar o Ministério da Cultura”.
Soraya e Kelmon voltaram debater. Primeira a falar, ela mandou saudações ao padre que realizou a cerimônia de seu casamento. Em resposta, Kelmon disse que conhece o sacerdote que a casou e ainda afirmou as pessoas no recinto precisam de catequese.
Primeira vez na noite em que as candidatas mulheres debateram, Simone se equivocou ao se referir a Soraya: "Candidata Bolsonar... peço desculpas, jamais a desrespeitaria."
Durante direito de resposta de Bolsonaro a uma fala de Simone Tebet. O presidente diz “insiste na tecla do orçamento secreto. O parlamento derrubou o veto. Eu sou escravo da Constituição”.
“O senhor pretende dar um golpe de estado?” questionou a candidata Soraya a Bolsonaro
Bolsonaro acusou Soraya de pedir cargos a ele. “A senhora gosta de um cargo, deitar e rolar. Como não conseguiu, virou inimiga nossa. Mas tudo bem, é a política”.
No mais, Bolsonaro acusou a candidata de usurpar de seu nome para conseguir cargo no Mato Grosso do Sul. “Não tem corrupção. Teria se eu atendesse a esses pedidos de cargos”, finalizou.
Em resposta, Soraya disse: “cargo no Ibama o senhor deu sim. O senhor faz isso. O senhor deu sim, como cargos são divididos entre apoiadores”.
A candidata também questionou se Bolsonaro tomou vacina contra a covid, qual a vacina e quantas doses. Bolsonaro fugiu da pergunta: disse que quem quis, se vacinou. "Quem não quiser tomar vacina, que não tome. Não obriguei ninguém a ficar em casa para morrer de fome."
Em mais um direito de resposta, Bolsonaro fez apelo aos eleitores do Mato Grosso do Sul para fazer campanha a um candidato a governador do Estado.
"Usar dinheiro da Lei Rouanet para a imoralidade é o que nós víamos no governo do PT", afirmou o candidato padre Kelmon.
Bolsonaro elogiou Mario Frias por ter "moralizado a Lei Rouanet" e afirmou que “muitos baianos” e pessoas “no centro aqui do Rio” usavam dinheiro de incentivo à cultura “exatamente para fazer isso: um desrespeito para com a família brasileira. Isso não é cultura”.
Posteriormente, a pauta foi empresas estatais. Soraya questionou a Ciro.
“É preciso que o Governo Federal volte a investir no SUS no Brasil", disse Simone sobre a saúde no Brasil. Ela afirmou, ainda, que "é lamentável, saber que a mulher da Amazonia, ter que andar 200km para levar seu filho a algum tipo de tratamento".
"Dinheiro tem. Falta vontade política", finalizou a candidata.
Já passava de 1h30 da madrugada quando os candidatos iniciaram as considerações finais.
Entre mortos e feridos, salvaram-se todos.