O presidente Jair Bolsonaro viajou oficialmente à Londres, na Inglaterra, para participar do funeral da Rainha Elizabeth II.
Mas o que era para ser uma sóbria visita de pêsames, acabou se transformando num “palanque eleitoral”, como informa o jornal londrino The Guardian nesta segunda-feira, 19. O matutino do velho mundo diz que foi um "soapbox".
Soapbox
A palavra soapbox significa “caixa de sabão”. Anos atrás, essas caixas eram reutilizadas para diversos fins, mas um específico era servir de banco para que as pessoas pudessem subir, e, destacados da multidão, falar e serem ouvidos. Com o tempo, a palavra ganhou o sentido de “fazer um discurso”, com um tom crítico de ser um discurso "chinfrim".
A partir da varanda da elegante sede da embaixada brasileira em Mayfair, construção do século 19, Bolsonaro falou as estultices de sempre: "esquerdistas", "aborto" e “ideologia de gênero”.
“Somos um país que não quer discutir a legalização das drogas, que não quer discutir a legalização do aborto e um país que não aceita a ideologia de gênero. (...) Nosso slogan é: Deus, pátria, família e liberdade”, disse o presidente aos seus apoiadores.
Segundo o The Guardian, os comentários “politicamente carregados de Bolsonaro encantaram os apoiadores hardcore que vieram ouvi-lo no centro de Londres, mas provocaram raiva no Reino Unido e no Brasil”.
A matéria conta que, embora Bolsonaro tenha expressado “profundo respeito” pela família real, logo a seguir "mudou imediatamente para o modo de campanha, apesar do momento de luto".
O jornal londrino assevera que o chefe do Executivo tupiniquim teria visto no funeral da Rainha uma oportunidade para impulsionar sua campanha de reeleição.
"Em seu discurso na sacada, Bolsonaro afirmou que estava a caminho da vitória em 2 de outubro. "Não há como não ganharmos no primeiro turno", disse ele sob aplausos altos e assobios. No entanto, as pesquisas sugerem que Lula – que tem uma vantagem entre 12 e 15 pontos – prevalecerá quando 156 milhões de brasileiros votarem."
- Veja a íntegra da matéria.
Repercussão no Brasil
O discurso de Bolsonaro também foi parar no TSE. Com efeito, candidatos ingressaram com representações pedindo que o presidente e sua campanha sejam impedidos de promover ou usar como propaganda eleitoral qualquer vídeo, fotografia ou material gráfico produzido durante a viagem oficial de Bolsonaro a Londres, para supostamente participar do velório da Rainha Elizabeth II.
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A Coligação Brasil da Esperança também pede que sejam removidos links das redes sociais de Bolsonaro, de seu vice, Walter Braga Netto, e de outros atores políticos que estão usando imagens e o discurso de Bolsonaro como candidato em Londres para fins eleitorais. Por fim, pedem a aplicação de multa de R$ 25 mil, valor máximo previsto pela legislação eleitoral, para Bolsonaro.