Migalhas Quentes

Gilmar critica Moro e questiona se ele roubava galinhas com Dallagnol

Ministro apontou "conjunto de ilegalidades" em decisão do ex-juiz relativa a bloqueio de ativos da construtora Queiroz Galvão.

11/6/2024

Nesta terça-feira, 11, durante julgamento de um recurso da PGR contra o arquivamento de uma ação de improbidade envolvendo a construtora Queiroz Galvão na CPI da Petrobras, ministro Gilmar Mendes criticou atuação do ex-juiz Sergio Moro no processo.

409127

Relator da ação, o ministro apontou "conjunto de ilegalidades" no bloqueio dos ativos da empresa durante a Operação Lava Jato, destacando decisões de Moro que teriam orientado o MP a contornar procedimentos legais. O decano questionou a imparcialidade e a legalidade das ações do ex-juiz, sugerindo que ele agia de forma coordenada com os procuradores.

Caso do precatório

Gilmar Mendes afirmou que, durante a Operação Juízo Final, sétima fase da Operação Lava Jato, o MPF pediu o sequestro de um precatório no valor de R$ 173 milhões, pertencente a Queiroz Galvão e titularizado junto ao governo de Alagoas. Este pedido foi acolhido por Moro em 2015, e o TJ/AL foi notificado para depositar os valores em uma conta vinculada aos autos da ação penal.

No entanto, três anos após o bloqueio, Moro reconheceu a impossibilidade de decretar o sequestro de ativos da empresa em processos criminais contra seus ex-diretores. Em vez de liberar os valores, o então juiz intimou o MPF a propor ação de improbidade contra a empresa para manter a constrição do precatório.

"É tanta heterodoxia, doutor, que eu fico perguntando, como essa gente foi convocada? Como passou em concurso? Será que essa gente passou no mesmo concurso que eu e você? Ou, de fato, nós estamos produzindo alguma coisa estranhíssima? Ou, de repente, todos nós somos lunáticos e não sabemos absolutamente nada, perdemos paradigmas?", disse o ministro.

Gilmar criticou o ex-juiz por orientar o MPF a buscar a responsabilização da empresa no juízo cível, o que, segundo o decano, consiste em prática irregular e coordenada entre o magistrado e o órgão acusador.

"É como se o Moro fosse o chefe da força-tarefa e disse, meninos, façam isso aí, façam aquilo. O procurador-geral deve estar bebendo em algum lugar, não está fazendo nada, deixa eu resolver esse problema para vocês."

Em sua fala, o decano afirmou que Moro ultrapassou frequentemente os limites da imparcialidade judicial. Destacou articulações entre o ex-juiz com o MP para contornar ilegalidades, seguindo uma prática considerada "rotina na 13ª vara Federal de Curitiba, conforme demonstram os diálogos divulgados pelo Intercept".

Ladrões de galinha

Gilmar Mendes relatou que, em uma conversa informal, comparou as ações de Moro e Dallagnol a "roubar galinhas juntos", expressão que remonta ao contexto rural de Mato Grosso. Ele enfatizou que a Vaza Jato evidenciou a cooperação indevida entre Moro e os procuradores.

O ministro afirmou que o consórcio entre membros do MP e Moro manchou a democracia brasileira, utilizando métodos abusivos e ilegais para perseguir adversários e deslegitimar partidos políticos. Mendes criticou a atuação autoritária do ex-magistrado por ignorar a legislação brasileira para favorecer a acusação e consolidar o próprio poder.

"A atuação proativa do magistrado fazia com que os inquéritos, ações penais e negociações de acordos de colaboração premiadas seguissem rito próprio, fazendo letra morta da legislação brasileira", afirmou.

Concluiu que tais práticas desrespeitaram a autoridade do STF e subverteram o sistema de Justiça, lembrando que os limites da lei existem para conter abusos de poder e garantir a democracia.

Veja a manifestação do ministro:

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

STF julga restrição de bens em ação de improbidade contra construtora

11/6/2024
Migalhas Quentes

STF: Construtoras alvo da Lava Jato podem participar de licitação

30/3/2021
Migalhas Quentes

Novos trechos mostram que Moro e Dallagnol se ajudavam

6/2/2021
Migalhas Quentes

TJ/SP ordena continuidade de contrato licitatório entre município de Santos e Queiroz Galvão

25/1/2019
Migalhas Quentes

Suspenso contrato entre município de Santos e Queiroz Galvão por supostas irregularidades em licitação

16/1/2019
Migalhas Quentes

Lava Jato: Executivos da Galvão Engenharia têm pena aumentada

8/11/2017

Notícias Mais Lidas

"Vale-peru"? TJ/MT fixa R$ 10 mil de auxílio-alimentação em dezembro

19/12/2024

Bosch é condenada a pagar R$ 1,7 mi por fraude em perícias judiciais

19/12/2024

PEC que limita supersalários de servidores é aprovada pelo Congresso

20/12/2024

MP/BA investiga Claudia Leitte por retirar "Iemanjá" de música

19/12/2024

TRF-1: Técnico previdenciário pode ter OAB se impedido contra Fazenda

20/12/2024

Artigos Mais Lidos

Afinal, quando serão pagos os precatórios Federais em 2025?

19/12/2024

Decisão importante do TST sobre a responsabilidade de sócios em S.A. de capital fechado

20/12/2024

Planejamento sucessório e holding patrimonial: Cláusulas restritivas societárias

20/12/2024

As perspectivas para o agronegócio brasileiro em 2025

20/12/2024

A sua empresa monitora todos os gatilhos e lança as informações dos processos trabalhistas no eSocial?

20/12/2024