Migalhas Quentes

Leis antigas dificultam atuação jurídica em startups, aponta advogada

Nova sócia do escritório L.O. Baptista Advogados, Maria Elisa de Carvalho Pullen Parente aponta a falta de atualizações na legislação brasileira voltada para startup.

14/6/2024

A crescente popularidade das startups no Brasil, especialmente na última década, reflete a busca do país por soluções inovadoras e uma abordagem agressiva de mercado. Juridicamente, startups não se distinguem de empresas convencionais em termos de estrutura, mas enfrentam desafios adicionais devido à complexidade de suas operações comerciais no país.

De acordo com a ABStartups - Associação Brasileira de Startups, aproximadamente 70% das startups encerram suas atividades antes de atingir 20 meses de operação, e metade delas não consegue demonstrar resultados significativos.

Entre os principais motivos para esses fracassos estão problemas jurídicos decorrentes de planejamento inadequado. Segundo a advogada especialista em Inovação, Tecnologia e Startup, Maria Elisa de Carvalho Pullen Parente, e nova sócia do L.O. Baptista Advogados, os empreendedores brasileiros ainda não investem no segmento jurídico como deveriam.

“Faz muita diferença ter um bom advogado. Quando somos procurados no início para ajudar na estruturação da empresa, para fazer um bom acordo de sócios e para elaborar contratos robustos, a situação no momento do investimento é outra,” afirma Maria Elisa.

Veja a entrevista:

Porém, quando o jurídico é acionado apenas em momentos de alta tensão, a atuação dos advogados torna-se ainda mais desafiadora tanto para os profissionais quanto para os empreendedores.

“Quando somos procurados apenas no momento do investimento, é um caos. Precisamos arrumar a casa antes, rever os contratos, a estrutura societária e refazer os acordos societários. Portanto, o melhor conselho que posso dar é: tenha um advogado desde o princípio.”

346524

Legislação Deficitária

Maria Elisa ressalta que a atuação do advogado que trabalha com startups também enfrenta desafios devido à legislação brasileira, caracterizada como antiga e pouco flexível.

“A nossa legislação está cinquenta anos atrasada. É um desafio enorme conseguir aliar o Direito e acompanhar a inovação tecnológica. Muitas vezes, os empreendedores têm ideias e dizem: 'vamos fazer assim'. Mas aí, você não encontra uma resposta jurídica óbvia, porque a lei não é clara,” explica a advogada.

Ela destaca que isso coloca o jurídico em uma "zona cinza", onde é necessário ser inovador e tentar inovar juridicamente, mantendo a segurança jurídica, pois a última coisa que se deseja é que o cliente ou fundo de investimento corra algum risco jurídico.

Diante desse cenário, Maria Elisa ressalta a necessidade de atualizações na legislação brasileira que permitam que o setor jurídico acompanhe o crescimento da tecnologia, inovação e das startups no país.

“Tivemos o marco das startups que tentou trazer alguma inovação. No entanto, ainda é necessário pensar em formatos que tragam flexibilidade para o investidor e para o empreendedor. Afinal, nosso papel como jurídico é viabilizar, com segurança jurídica, que o negócio cause a disrupção desejada e se mantenha estável com a segurança necessária,” conclui Maria Elisa.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas de Peso

A flexibilização no regime jurídico das startups

6/4/2023
Migalhas Quentes

Startups: Investidor anjo não responde a dívidas, explica advogado

31/8/2021
Migalhas Quentes

Nova lei cria marco legal das startups e do empreendedorismo inovador

2/6/2021

Notícias Mais Lidas

Moraes torna pública decisão contra militares que tramaram sua morte

19/11/2024

PF prende envolvidos em plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

19/11/2024

Leonardo Sica é eleito presidente da OAB/SP

21/11/2024

CNJ aprova teleperícia e laudo eletrônico para agilizar casos do INSS

20/11/2024

Ex-funcionária pode anexar fotos internas em processo trabalhista

21/11/2024

Artigos Mais Lidos

ITBI na integralização de bens imóveis e sua importância para o planejamento patrimonial

19/11/2024

Cláusulas restritivas nas doações de imóveis

19/11/2024

Estabilidade dos servidores públicos: O que é e vai ou não acabar?

19/11/2024

O SCR - Sistema de Informações de Crédito e a negativação: Diferenciações fundamentais e repercussões no âmbito judicial

20/11/2024

Quais cuidados devo observar ao comprar um negócio?

19/11/2024