No dia 18/8, às 18h30, na Livraria da Tarde, em SP, acontece o lançamento da obra "Translúcida" (Amanuense - 364p.), do ministro Sebastião Reis Júnior. Composto por imagens de presas transexuais fotografadas pelo ministro do STJ, no Centro de Detenção Provisória Pinheiros II, na capital paulista, o livro traz textos e ilustrações que têm, como objetivo central, provocar um debate sobre direitos humanos, cárcere e o direito à própria identidade.
Pessoas com diferentes formações aprofundam a reflexão sobre direitos humanos por meio de múltiplas linguagens, expressando-se da forma como quiseram. O livro, assim, combina as fotos com cartas, ilustrações, contos, poesias e ensaios.
“Não é um livro de fotos. Também não é um livro que se limita a discutir a questão prisional. É muito mais do que isso”, enfatiza o ministro na apresentação da obra.
Segundo ele, as fotos serviram para provocar, para falar de algo que não pode ficar escondido atrás dos muros de uma prisão, nem embaçado por preconceitos e mentiras.
"Temos que falar abertamente sobre as pessoas transexuais. Não só das presas, mas de todas que estão ao nosso redor, com quem convivemos no dia a dia", ressalta o ministro na apresentação da obra.
Translúcida
Visitar presídios é algo que faz parte da rotina do ministro Sebastião. Ministro da 6ª Turma e da 3ª Seção do STJ, que julga Direito Penal, ele acredita que todo juiz tem de saber para onde vão as pessoas que ele sentencia. Sem conhecer a realidade, impossível julgar com Justiça. Fotógrafo, o ministro passou a pedir autorização dos presos para retratá-los. E assim surgiu a ideia central de Translúcida.
O livro tem prefácio do ministro dos Direitos Humanos do governo Lula, Silvio Almeida. “Pelas fotos vemos as formas, os corpos, inseridos no sistema. Mas são as intervenções em formas de textos, poesias e até desenhos feitas pelos demais autores que nos apontam para leituras possíveis, para sentidos que, apesar de partirem do contexto fotografado, nos projetam para além dele. Portanto, estas intervenções tornam 'translúcidas' as subjetividades captadas pelas lentes de Sebastião Reis, permitindo-nos imaginar novas possibilidades de significar a existência, para além do cárcere e para além da discriminação”.
O ministro Sebastião Reis Junior e a editora Amanuense, que lança a edição, irão destinar uma parte da renda obtida com a venda do livro para entidades de defesa de direitos de pessoas trans e travestis. A cada exemplar vendido, serão doados R$ 10,00 para entidades escolhidas com o auxílio das mulheres trans que escreveram textos na obra.