Afastado da magistratura desde fevereiro pelo CNJ por “desvio de conduta”, o juiz Federal Marcelo Bretas hoje se dedica em publicações como "influencer" nas redes sociais.
Bretas foi responsável pelos processos ligados à Lava Jato no Rio de Janeiro, e sofreu acusações de parcialidade, atuação política e outras irregularidades em sua atividade como juiz. Por isso, responde a PAD no CNJ e foi afastado cautelarmente das funções judicantes.
Evangélico, um dos temas frequentemente tratados nas publicações é religião.
Com mais de 60 mil seguidores no Instagram, e quase 440 mil seguidores no Twitter, Bretas também compartilha vídeos sobre autoajuda, superação e alguns temas de Direito.
Os vídeos têm um certo padrão: em geral, Bretas divide algum acontecimento de sua vida pessoal para deixar uma lição.
Ao final, o juiz convida os seguidores a curtirem e compartilharem o conteúdo.
“Como é que você se porta diante de uma adversidade da vida?”, questiona em outro vídeo, no qual conta que, aos 23 anos, sofreu um grave acidente que deixou sequelas, como paralisia facial.
“A mulher sábia edifica o seu lar”, diz Bretas, citando a Bíblia, em vídeo contando que a esposa, que foi sua colega de faculdade, adiou o sonho de prestar concurso público para ajudá-lo a ser aprovado; ela se dedicaria à própria conquista logo depois.
A carga de trabalho como juiz também foi tema de uma de suas publicações. “Nós trabalhávamos em relógio, durante a madrugada.”
"Desvio de conduta"
Em fevereiro deste ano, o CNJ decidiu instaurar PAD contra o magistrado. Foram analisadas pelo Conselho três ações contra o juiz, todos com tramitação sigilosa.
A primeira ação foi um pedido do Conselho Federal da OAB, em reclamação disciplinar, em razão de acusação do advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho, em colaboração premiada com a PGR, de que Bretas é parcial e realizou diversas práticas ilegais enquanto magistrado. Segundo Nythalmar, o Bretas seria "policial, promotor e juiz ao mesmo tempo".
Outro caso analisado foi uma reclamação disciplinar instaurada pela própria corregedoria. Em novembro do ano passado, o corregedor, ministro Luis Felipe Salomão, instaurou correição extraordinária na 7ª vara Federal Criminal da SJ/RJ, local em que atua Marcelo Bretas.
Na terceira ação analisada, o prefeito do RJ Eduardo Paes alegou que Bretas teve atuação política na eleição de 2018 em favor de Wilson Witzel.