Migalhas Quentes

PGR repactua delação dos irmãos Batista com multa de R$ 1 bi

Novo acordo será enviado para análise do ministro Edson Fachin, do STF, responsável pela homologação da delação original.

8/12/2020

Nesta segunda-feira, 7, a PGR - Procuradoria-Geral da República assinou repactuação dos acordos de delação premiada dos irmãos Batista, Joesley e Wesley, donos da J&F. Os empresários pagarão multa de cerca de R$ 1 bilhão e terão ainda que cumprir penas privativas de liberdade.

Desde o final de 2019, com idas e vindas, os irmãos tentavam uma negociação com a equipe do PGR Augusto Aras. Antes disso, os acordos foram alvos de um pedido de rescisão do então procurador-Geral Rodrigo Janot.

A repactuação será enviada para análise do ministro Edson Fachin, do STF, responsável pela homologação dos acordos originais.

(Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress)

Relembre

O julgamento que iria discutir a validade da delação estava pautado para junho no STF, mas foi adiado.

A colaboração premiada, assinada em maio de 2017, livrou os colaboradores ao prever o não oferecimento de denúncia. Mas dias antes de deixar o comando do MPF, em setembro daquele ano, Rodrigo Janot pediu a rescisão, alegando que os colaboradores teriam omitido crimes e, como consequência, descumprido cláusulas do acordo.

A PGR, no pedido de rescisão, argumentava que os executivos teriam omitido três ilícitos:

A defesa, no entanto, dizia que não houve omissão e não poderia o parquet querer desfazer o negócio: "O acordo de colaboração é um contrato e os colaboradores honraram suas obrigações". 

Mesmo sub judice, é forçoso convir que a delação teve desdobramentos.

Com efeito, o Conselho Superior do MPF aplicou a pena de demissão a Ângelo Goulart Villela por violação ao dever de sigilo funcional. Goulart foi acusado de, entre março e abril de 2017, quando integrava a força-tarefa Greenfield, ter participado de negociações de acordos de colaboração entre o MPF e executivos do grupo empresarial J&F. Conforme o PAD, ele teria revelado informações a investigados.

Em dezembro do ano passado, Ângelo Goulart Villela se tornou réu pelo vazamento de informações sigilosas ao grupo em troca de propina. Por maioria, a Corte Especial do TRF da 1ª região recebeu a denúncia do MPF.

Além deste caso, inúmeras outras investigações tiveram sequência a partir da delação. Nesse sentido, parecia incongruente que a delação estivesse sendo questionada pela PGR, mas investigações seguissem seu curso. 

Com a novidade de agora, de um novo acordo, ou um aditamento no acordo antigo, o assunto pode estar encerrado.

Diz-se "pode", pois a questão jurídica, pelo visto, é inédita. Melhor explicando, como se trata de novo instituto no ordenamento jurídico brasileiro, até onde se sabe nunca houve caso de o parquet pedir a rescisão da delação e, no interregno entre o pedido e o julgamento, repactuar-se.

Independentemente do caminho que o Supremo vier a adotar, e lembrando antigo dito segundo o qual é melhor um mau acordo do que uma boa demanda, o procurador-Geral da República e os irmãos Batista fizeram o melhor que podiam diante da situação que estava posta.

De fato, um acordo pacifica a relação que era deveras complicada.  

E, com isso, os irmãos Batista podem - como já o fez o cantor Roberto Carlos num dos reclames da empresa - dizer

"Eu voltei agora pra ficar 

Porque aqui, aqui é meu lugar

Eu voltei pras coisas que eu deixei

Eu voltei."

 

(Imagem: Arte Miganhas)

 

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

STF: Cinco processos de repercussão nacional que aguardam julgamento na Corte

16/11/2020
Migalhas Quentes

Após três anos, STF julgará validade da colaboração premiada da JBS

10/6/2020
Migalhas Quentes

Conselho do MPF aprova demissão de procurador acusado de vazar informações sigilosas à J&F

12/5/2020
Migalhas Quentes

TRF-1 torna réu procurador acusado de vazar informações sigilosas ao grupo J&F

6/12/2019
Migalhas Quentes

PGR é contra pedido de Marcelo Miller de reabrir instrução em processo que discute delação da J&F

19/3/2019
Migalhas Quentes

Fachin indica para julgamento no 2º semestre caso sobre validade da delação da JBS

18/3/2019
Migalhas Quentes

PGR rescinde acordo de colaboração premiada de Wesley Batista

26/2/2018
Migalhas Quentes

PGR rescinde delação de Joesley e Saud, mas provas continuam válidas

14/9/2017
Migalhas Quentes

E-mails entre ex-procurador e ex-sócia de escritório mencionam acordos da J&F

12/9/2017
Migalhas Quentes

Fachin retira sigilo de conversa de delatores da JBS

5/9/2017
Pílulas

Nada será como antes

5/9/2017
Migalhas Quentes

PGR vai rever colaboração premiada de executivos do Grupo J&F

4/9/2017
Migalhas Quentes

Janot denuncia presidente Michel Temer por corrupção passiva

26/6/2017
Migalhas Quentes

Maioria do STF vota por manter Fachin como relator do caso JBS

22/6/2017
Migalhas Quentes

STF retoma nesta quinta julgamento de delações da JBS

21/6/2017
Migalhas Quentes

Lava Jato: Veja a íntegra da delação da JBS

19/5/2017
Migalhas Quentes

Procurador auxiliar no TSE é preso suspeito de envolvimento na operação Greenfield

18/5/2017

Notícias Mais Lidas

PF prende envolvidos em plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

19/11/2024

Moraes torna pública decisão contra militares que tramaram sua morte

19/11/2024

CNJ aprova teleperícia e laudo eletrônico para agilizar casos do INSS

20/11/2024

Em Júri, promotora acusa advogados de seguirem "código da bandidagem"

19/11/2024

Operação Faroeste: CNJ aposenta compulsóriamente desembargadora da BA

21/11/2024

Artigos Mais Lidos

ITBI na integralização de bens imóveis e sua importância para o planejamento patrimonial

19/11/2024

Cláusulas restritivas nas doações de imóveis

19/11/2024

Estabilidade dos servidores públicos: O que é e vai ou não acabar?

19/11/2024

Quais cuidados devo observar ao comprar um negócio?

19/11/2024

A relativização do princípio da legalidade tributária na temática da sub-rogação no Funrural – ADIn 4395

19/11/2024