Migalhas Quentes

Empresário cita em delação Felipe Santa Cruz, presidente da OAB

Delator acusa presidente da OAB de pedir dinheiro para reeleição da seccional do Rio.

9/9/2020

O ex-presidente da Fecomércio do RJ, Orlando Diniz, delatou o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. Segundo o empresário, Santa Cruz lhe pediu dinheiro "em espécie" para sua campanha à reeleição da OAB do Rio em 2014.

O documento da delação foi divulgado pela CNN. 

Diniz afirmou na delação que não tinha os recursos, mas que eles acertaram um contrato de fachada entre a Fecomércio e Anderson Prezia, indicado de Santa Cruz para efetuar o contrato, no valor de 120 mil reais. Conforme alegou, os serviços nunca foram prestados.  

O empresário foi preso em fevereiro de 2018 no Rio na Operação Jabuti, um desdobramento da Lava Jato. Segundo investigações, ele gastou mais de R$ 100 milhões em contratos irregulares com escritórios de advocacia para se manter no comando da Fecomércio. Outros escritórios também integram as investigações.

De acordo com o que foi revelado pela CNN, Diniz afirmou que Prezia representava os interesses do presidente da Ordem.

"Esse contrato foi firmado com o único objetivo de repassar recursos para as campanhas internas de Felipe Santa Cruz na OAB, no valor de R$ 120.000,00; QUE se tratou de transferência de recursos para campanhas e foi um primeiro movimento, uma espécie de “gesto de boa vontade”; QUE, o colaborador, então, entendeu que Anderson Prezia Franco era o “homem da mala” de Felipe Santa Cruz e apenas face ao pedido direto de Felipe Santa Cruz ao colaborador é que o contrato foi assinado."

Em outro trecho, Diniz afirma a importância de se aproximar de Santa Cruz para seu objetivo de se manter no comando da Fecomércio e ascender à Confederação Nacional do Comércio. Um dos sindicatos do Rio, segundo afirmou, fazia oposição ao comando da Fecomércio e passou a ser controlado por Santa Cruz.    

Manifestações

Santa Cruz se manifestou sobre o caso:

"O presidente do Conselho Federal da OAB, Felipe Santa Cruz, rechaça com veemência as ilações mentirosas dessa delação fantasiosa. Ressalta que nunca pediu qualquer tipo de apoio para campanha da Ordem ou negociou qualquer serviço com o senhor Orlando Diniz. Tais mentiras só podem ser interpretadas como retaliação à ação do dr. Felipe Santa Cruz como advogado do SESC e do SENAC/RJ em processo no TCU, justamente pedindo ressarcimento dos danos causados pelo delator às organizações – processo esse em que esse senhor foi condenado a devolver mais de R$ 58 milhões aos cofres do Sesc e do Senac estaduais por um convênio ilegal.

Está clara a intenção de destruir reputações para tentar escapar de penas pesadas às quais são submetidos aqueles que, como o pretenso delator, cometem crimes."

Anderson Prezia também se posicionou:

"O escritório de advocacia do dr. Anderson Prezia não prestou serviços para Orlando Diniz, e sim para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro, entidade de direito privado (portanto, sem recursos do Sesc/Senac). O escritório foi contratado pela entidade, em 2016, para atuar em processos trabalhistas no TRT e TST, em agravo de instrumento de recurso de revista. Naquela data, inclusive, o dr. Anderson Prezia e o dr. Felipe Santa Cruz não eram sócios.

À época, o contato com o escritório foi feito via o Departamento Jurídico da entidade."

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