Segundo Janot, Cunha vem utilizando de seu cargo para interesse próprio e fins ilícitos. Por isso, defende que a medida é necessária para garantir a ordem pública, a regularidade de procedimentos criminais em curso perante o STF e a normalidade das apurações submetidas ao conselho de ética.
Em 190 páginas, o procurador apontou onze fatos que comprovariam que Cunha usou de seu mandato e cargo "com manifesto desvio de finalidade tendo por objetivo constranger e intimidar testemunhas, colaboradores, advogados e agentes públicos, tudo com o escopo de embaraçar e impedir investigação contra si e contra organização criminosa que integra".
Janot diz que Cunha ultrapassou "todos os limites aceitáveis" de um "Estado Democrático de Direito" ao usar o cargo em "interesse próprio" e "unicamente para evitar que as investigações contra si tenham curso e cheguem ao termo do esclarecimento de suas condutas, bem como para reiterar nas práticas delitivas".
Conforme o pedido, tanto as acusações de corrupção e lavagem de dinheiro (Inq 3.983), quanto a investigação por manutenção de valores não declarados em contas no exterior (Inq 4.146), podem acarretar a perda do mandato de Eduardo Cunha, seja pela via judicial ou político-administrativa, o que autoriza concessão da medida cautelar. Para o procurador-Geral, os fatos retratados na petição são anormais e graves e exigem tratamento rigoroso conforme o ordenamento jurídico.
Janot afirma ainda que os documentos apreendidos nas buscas realizadas na terça-feira, 15, reforçaram as provas já reunidas pela PGR.
"É urgente que o Eduardo Cunha seja privado de seus poderes como Deputado Federal e como Presidente da Câmara, pois, do contrá- rio, criará ainda maior instabilidade política para o país e, ainda, não hesitará em perseguir e utilizar todos os instrumentos que possua para retaliar e se vingar de seus adversários, como faz habitualmente."
Confira a íntegra da petição.