Migalhas Quentes

Alteração dos pedidos de vista gera polêmica no STJ

Comissão vai ouvir cada integrante da Corte para chegar a um consenso.

19/11/2014

Dando claros sinais de que o assunto é sensível – para dizer o mínimo – aos ministros do STJ, o Pleno do tribunal adiou o debate sobre uma mudança na sistemática dos pedidos de vista da Corte.

A Comissão do Regimento Interno, presidida pelo ministro Luis Felipe Salomão, foi encarregada de propor alterações quanto ao assunto.

Pelas regras atuais, em qualquer fase do julgamento, posterior ao relatório ou à sustentação oral, poderão os julgadores pedir vista dos autos, caso em que o julgamento será suspenso (art. 161). Porém, na prática, os processos com vista não têm prazo para retornarem a julgamento.

No começo do semestre surgiram duas propostas diferentes, a saber :

Na sessão do Pleno desta quarta-feira, 19, o ministro Salomão inicialmente apontou dados quanto ao assunto, com base em levantamento dos últimos seis anos para revelar o “tamanho do problema” no tribunal.

A média atual é de mil dias para cada pedido de vista; como exemplo, um RESp leva, em média, 303 dias para ser solucionado; com pedido de vista, o tempo sobe para 1.323 dias, mais de quatro vezes o tempo normal. Segundo S. Exa., é um “dado bem sintomático da importância emblemática para que nosso tribunal revise isso”. O ministro Salomão fez questão de ressaltar o exemplo a ser dado aos demais tribunais: “Vamos sair fortalecidos dessa proposta a nível nacional.” (grifos nossos)

Outro forte defensor de alteração substancial na sistemática é o presidente da Corte, ministro Francisco Falcão. Citando ofício da OAB, assinado por Marcus Vinicius Furtado Coêlho e que sustenta que as propostas “visam dar celeridade processual e segurança ao jurisdicionado”, Falcão mostrou-se estarrecido com o dado de que há pedido de vista que ultrapassou a marca dos seis anos. “Processo que fica seis anos na mão do relator é desserviço ao país.”

Conciliador e cônscio de que o assunto é, de fato, polêmico, o ministro Salomão sugeriu que a Comissão tivesse mais tempo para ouvir, individualmente, cada ministro, no intuito de chegar a uma redação final satisfatória para a mudança.

A ministra Maria Thereza de Assis Moura foi categórica ao dizer que a Corte precisava de maior reflexão, ao que Falcão imediatamente retrucou: “Reflexão para processo de seis anos? Como vamos explicar isso à sociedade?

Entrando no debate, a ministra Nancy Andrighi mostrou-se cautelosa, com base em sua experiência pessoal. De acordo com a ministra, agora que está na condição de corregedora Nacional da Justiça, frequentemente é mal interpretada ao cobrar de magistrados o cumprimento de prazos. “Como o presidente [do colegiado], que está todo dia com o colega [ministro], vai conseguir cobrar ele?

Novamente o ministro Salomão reafirmou o compromisso de ouvir todos os integrantes do STJ em busca de uma redação consensual. O presidente Falcão, então, determinou que na última sessão do ano, dia 17/12, o Pleno defina o tema, “para darmos uma satisfação à sociedade e à advocacia brasileira”.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

STJ pretende atualizar regimento interno para racionalizar trabalhos

2/10/2014

Notícias Mais Lidas

"Vale-peru"? TJ/MT fixa R$ 10 mil de auxílio-alimentação em dezembro

19/12/2024

Bosch é condenada a pagar R$ 1,7 mi por fraude em perícias judiciais

19/12/2024

PEC que limita supersalários de servidores é aprovada pelo Congresso

20/12/2024

MP/BA investiga Claudia Leitte por retirar "Iemanjá" de música

19/12/2024

TRF-1: Técnico previdenciário pode ter OAB se impedido contra Fazenda

20/12/2024

Artigos Mais Lidos

Afinal, quando serão pagos os precatórios Federais em 2025?

19/12/2024

Decisão importante do TST sobre a responsabilidade de sócios em S.A. de capital fechado

20/12/2024

Planejamento sucessório e holding patrimonial: Cláusulas restritivas societárias

20/12/2024

As perspectivas para o agronegócio brasileiro em 2025

20/12/2024

A sua empresa monitora todos os gatilhos e lança as informações dos processos trabalhistas no eSocial?

20/12/2024