Migalhas Quentes

Ativista em Direitos humanos afirma que Brasil comandou Operação Condor

Jair Krischke entregou diversos documentos à Comissão da Verdade.

27/11/2012

Documentos entregues à Comissão da Verdade e depoimento do ativista em Direitos humanos Jair Krischke mostram que Brasil criou e comandou Operação Condor. Presidente do MJDH - Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Krischke entregou à representante da comissão, Rosa Maria Cardoso da Cunha, uma série de documentos secretos que relatam a perseguição e captura de dissidentes políticos além-fronteira, com a colaboração das ditaduras da Argentina, Bolívia, do Chile, Paraguai e Uruguai.

De acordo com Krischke, a Operação Condor teve como objetivo reprimir e eliminar os opositores das ditaduras que vigoravam nesses países. "As ditaduras trocavam informações, prisioneiros e assassinatos, realizando operações conjuntas altamente clandestinas, sem respeitar as normas internacionais e diplomáticas existentes", disse.

Em seu depoimento, Krischke também contestou a versão oficial das autoridades militares brasileiras sobre a queima de arquivos do período. Ele disse que muitos arquivos estão nas mãos de chefes militares à época. Segundo ele, a primeira evidência da Operação Condor relata a prisão do ex-coronel do Exército Jefferson Cardin Osório na Argentina, em dezembro de 1970, o primeiro alvo da operação. Outro documento mostra a colaboração do Exército argentino com o governo brasileiro na prisão do militante Edmur Péricles Camargo, em 1971.

Rosa Maria Cardoso afirmou que os documentos vão contribuir para resgatar a história do período. "Nós vamos caracterizar a operação, levantando questões factuais e evidências também. Vamos anexar no nosso relatório final a comprovação do que estamos dizendo", disse.

Parte do material apresentado por Krischke foi recebido de autoridades argentinas e trazem os nomes brasileiros ou descendentes desaparecidos na Argentina por ações combinadas da repressão dos dois países.

A Comissão Nacional da Verdade vai receber do governador do RS, Tarso Genro, documentos que relevam detalhes sobre o episódio Riocentro (1981) e sobre o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva (1971).

As informações são da Agência Brasil.

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