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Turma Recursal é competente para julgar MS contra ato de Juizado Especial

Por votação unânime, o Plenário do STF decidiu, nesta quarta-feira, 16, que as turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais são competentes para julgar recursos interpostos contra atos emanados de tais juizados, sejam eles simples recursos ou mandados de segurança.

17/11/2011

Competência

Turma Recursal é competente para julgar MS contra ato de Juizado Especial

Por votação unânime, o Plenário do STF decidiu, nesta quarta-feira, 16, que as turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais são competentes para julgar recursos interpostos contra atos emanados de tais juizados, sejam eles simples recursos ou mandados de segurança.

A decisão, tomada no julgamento do RExt 586789, interposto pelo INSS, confirma acórdão do TRF da 4ª região, que entendeu competir à turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Paraná examinar o cabimento de mandado de segurança, quando utilizado como substitutivo recursal, impetrado contra decisão de juiz federal, no exercício da jurisdição do Juizado Especial Federal.

O RExt surgiu de uma decisão do juiz Federal da 2ª vara do Juizado Especial Federal de Maringá/PR desfavorável ao INSS. O instituto então recorreu ao TRF da 4ª região, com sede em Porto Alegre/RS. Mas este declinou da competência para julgar o recurso, remetendo o processo à turma Recursal. É dessa decisão que o instituto recorreu ao STF, na via de recurso extraordinário.

No julgamento, os ministros entenderam que, em virtude do caráter singular dos juizados especiais, não há subordinação deles aos TJs, quando de abrangência estadual e, no caso dos de natureza Federal, aos TRFs.

Em 24/4/09, o Plenário Virtual do STF reconheceu a existência de repercussão gerall da questão constitucional suscitada no RExt, que teve como relator o ministro Ricardo Lewandowski.

Alegações

O INSS alegava ofensa aos artigos 98, inciso I; 108, inciso I, "c", e 125, parágrafo 1º, da CF/88 (clique aqui). Sustentava competir às turmas recursais apenas o exame de recursos, jamais de ações (como o MS), em virtude da determinação constitucional inserta no artigo 98, inciso I. Assim, seria dos tribunais regionais Federais a competência para o processamento e julgamento de mandado de segurança contra ato de juiz Federal.

Os ministros que participaram da decisão de hoje do STF, entretanto, foram unânimes em rechaçar essa tese. Segundo eles, admiti-la seria fulminar o próprio objetivo com que foram criados os juizados especiais: simplificar o processamento de causas menores pelo Judiciário, dando-lhes celeridade. E, no entender deles, essa simplificação implica resolver, na própria estrutura dos juizados especiais, de que fazem parte as turmas recursais, os processos a eles trazidos.

O ministro Gilmar Mendes chegou a qualificar de "fracasso do sucesso" o que ocorreu com os juizados especiais federais, justamente em virtude da simplicidade e celeridade da tramitação dos processos levados a seu julgamento. É que, ao contrário do que se imaginava, segundo ele, que chegaria a 200 mil o número de processos em tramitação atualmente, essa marca já ultrapassou os 2,5 milhões, superando o número de processos em tramitação na justiça federal comum.

Votos

A unanimidade dos ministros acompanhou o voto do relator, ministro Ricardo Lewandowski, cujo entendimento foi o de que a decisão está em sintonia com o que preconiza o artigo 98, inciso I, da CF/88, ou seja: a criação, pela União, pelo DF, pelos estados e territórios, de "juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau".

Segundo observou o ministro Celso de Mello, ao acompanhar o voto do relator, o modelo dos juizados especiais se rege, não pelo duplo grau de jurisdição, mas pelo critério do duplo reexame, que se realiza no âmbito do primeiro grau de jurisdição. Portanto, segundo ele, não se tratava de discutir a adequação da via processual utilizada, mas apenas de definir o órgão competente para julgar originariamente o MS. E este, também em seu entender, é a turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Paraná, no caso em discussão.

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