As sementes da advocacia
Ricardo Régis Oliveira Veras *
Em princípio o patrono pareceu ceder às tentações de sua primada cliente e chegou inclusive a sustentar que o advogado só está obrigado a defender causas em que for politicamente e eticamente correto. No entanto, como o sussurrar de uma brisa, surgiu uma resposta coerente e retrucou a prezada senhora que médicos da mesma sorte que advogados estão igualmente obrigados a socorrerem criminosos acometidos de doenças ou vítimas de lesões. Dessa sorte, o Direito não discrimina pessoas por seus traços constitutivos característicos, mas por meio de ações e emanações de vontade destas pessoas.
O exemplo acima retrata como a imagem do advogado é percebida e processada pela sociedade. A busca por uma identidade social é uma preocupação de qualquer profissão lícita, sem que essa procura jamais alcance o seu fim imanente.
Concerne a advocacia a um conjunto de ações e a preocupação com o bem servir. O que muda acerca de um advogado para outros agentes da sociedade é a pulsação, a cor e a vibração por uma causa que entenda ser justa e necessária. O causídico é partidário e não indiferente a uma realidade: age, pois, com a parcialidade de seus recursos e intenta buscar a paz social como o corolário da harmonia entre os diversos setores produtivos ou não.
Do que seria um mundo sem um partidário, sem um defensor: talvez um mundo sem cor e estéril. Para ser válida a advocacia é preciso semear e fecundar o solo. Para tanto é necessário encarar os desafios das intempéries do espaço e o mau humor do tempo...
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*Bacharel em Direito pela Universidade de Fortaleza/CE