A expressão do pensamento humano é uma das conquistas mais valiosas no âmbito da comunicação, desde os primórdios da humanidade quando o homem se destacou em se expressar por meio de desenhos nos rochedos e paredes das cavernas onde habitava. É a maneira pela qual a pessoa, seja pela escrita, pelas artes plásticas, pela música ou por qualquer outro meio artístico ou cultural, exterioriza seu pensamento, a sua opinião a respeito de determinado tema. A comunicação, vista sob este prisma, é uma forma prazerosa de levar até outras pessoas um dom especial, encantando-as e transportando-as para um local imaginável ou até mesmo real, e entrelaçá-las com a informação necessária.
Daí que a comunicação é a ferramenta imprescindível nos dias de hoje para a pessoa viver conectada não só com a comunidade que frequenta, mas com o universo. Tanto é que a distância entre os povos passa a ser inexistente. Basta ver que, com a decretação da pandemia, a comunicação entre as nações vem se desenvolvendo em tempo real, assim como pela forma como são repassadas as recomendações sanitárias da Organização Mundial da Saúde.
Com a perspicácia pertinente, Meneses Vieira assim definiu a comunicação: O fundamento de toda sociedade de homens é a comunicação. É por meio dela que o ser humano estabelece a convivência – o viver em comum, compartilhando no grupo social ideias, sentimentos, valores, interesses e crenças. São pessoas interagindo, realizando o contato social, expandindo suas vidas.1
Assim é que a atualidade vem recheada de informações científicas fazendo ver que a tecnologia é um aparato indispensável e inseparável do homem. A filosofia, quer a produzida pelos grandes pensadores e até mesmo pelas curtas mensagens de autoajuda transmitidas via WhatsApp, aproxima-se mais das pessoas para auxiliá-las na travessia dos caminhos duvidosos e obscuros.
Os meios de comunicação, neste contexto, ganham relevante importância porque conseguem pelos seus inúmeros canais atingir uma considerável parcela da comunidade relatando os fatos que envolvem o comportamento humano cotidiano. Não há mais espaço para o homem só. As pessoas se congregam pelo contato com a informação, que irá repercutir em todos os ambientes de suas vidas, além do que, pela sua relevância social, foi erigida à categoria de direito. E, quanto maior for o arsenal de informações, maior será a expansão do indivíduo que assumirá mais responsabilidade em sua comunidade, por ter adquirido experiência mais do que suficiente para tanto.
Lima Sobrinho sintetizou magistralmente: É esse instinto de comunicação, associado à curiosidade, que conduz o homem à busca da informação, no esforço com que procura devassar o mistério da vida, conhecendo as circunstâncias que o envolvem, para que assim se possam alcançar as somas das experiências individuais e a expansão dos meios de expressão.2
A boa comunicação, a boa informação, a boa leitura agregam seguidores exigentes, principalmente aqueles que atuam na área jurídica. E aqui vem o destaque especial para o Migalhas, que desde o seu nascedouro, já predestinado a oferecer ao mundo jurídico uma apurada coletânea de informações a respeito de temas que transitam diariamente pelo país, operou uma verdadeira revolução na arte da comunicação. E o mais importante: conseguiu não só passar a informação com o aval jurídico de qualidade, sob pena de o responsável levar tantas chibatadas quantas forem previstas em lei – observando o due process of law – como, também, abrir espaço para que os próprios leitores sejam coadjuvantes e possam participar ativamente com seus textos, entronizados em colunas temáticas. E o resultado é tão fabuloso que forma um caleidoscópio jurídico, de múltiplas facetas, oferecendo material de diversas áreas para os operadores do Direito e de outras também.
Quando há convergência de leitura entre as pessoas, selecionando um órgão que representa o anseio comum, todos se sentem confortados e ajustados em suas preferências. Parece até que, propositadamente, são escolhidos obedecendo a um rigoroso critério de seleção. Migalhas consegue, com a facilidade que lhe é peculiar, desde sua proposta inicial, reunir profissionais de elevada estirpe e disseminar suas informações e lições jurídicas, pesquisadas e assentadas em fontes inesgotáveis, como se fossem migalhas colhidas de um lauto jantar, que a cada dia se renova de forma mais prazerosa.
Com títulos sugestivos, em notas curtas e com palavras perfeitamente ajustadas, pinçadas com zelo pelo redator, consegue trazer para o leitor, onde quer que ele se encontre, as notícias jurídicas e políticas da hora, dos bastidores dos tribunais e da lei recém-editada. Sem falar ainda dos vários cursos oferecidos para a comunidade jurídica.
E não só. Avançou e estruturou uma plataforma edificada com esmero, constantemente aprimorada, verdadeiro canal de comunicação e convívio cultural dos leitores, com as mais avançadas ferramentas da tecnologia mundial, esbanjando competência e introduzindo novas transformações num simples clicar do teclado, mesmo para aqueles sem muita intimidade com o computador. Parece até que foi ao encontro dos conselhos de Harari: Humanos e máquinas poderão se fundir tão completamente que os humanos não serão capazes de sobreviver se estiverem desconectados da rede.3
Migalhas completa a edição de número 5.000 do Informativo imbuído dos mais nobres propósitos de oferecer uma leitura palatável e interessante para seus Migalheiros.
Migalhas vem a ser, portanto, o demonstrativo vivo da importância da mais perfeita comunicação. Conseguiu, como bem salientou Eco no aforismo: Nós vemos mais longe que os antigos.4 De grão em grão, até atingir a plenitude do Migalhas. Sentimo-nos jubilosos e gratificados.
Parabéns!
1 Menezes Vieira, Ana Lúcia. Processo penal e mídia. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003, p. 26.
2 Lima Sobrinho, Barbosa. Direito de informação. Revista de Informação Legislativa, Brasília, ano 17, n.67, p. 147-148, jul.-set. 1980
3 Harari, Yuval Noah. 21 lições para o século 21. - Tradução Paulo Geiger – São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 797.
4 Eco, Umberto. Nos ombros dos gigantes. Tradução Eliana Aguiar- Rio de Janeiro: Record, 2018, p. 25.