Migalhas Quentes

35 anos da CF: 162 dispositivos ainda não foram regulamentados

Maior parte dos dispositivos não regulamentados está no capítulo da Organização do Estado.

5/10/2023

Carta Maior do Estado Brasileiro, a CF de 1988 ainda apresenta um vácuo legislativo com relação a alguns de seus dispositivos. Trata-se de normas de eficácia limitada, segundo classificação de José Afonso da Silva.

Conforme dados da Câmara dos Deputados, são 435 os dispositivos constitucionais que se sujeitam à regulamentação. Desses, 273 já foram regulamentados e 162 aguardam tutela específica. 

Comparativo entre dispositivos regulamentados e não regulamentados na CF.(Imagem: Arte Migalhas)

Ausente a regulamentação, a situação, naturalmente, abre espaço para atuação de outros Poderes: o Executivo pode sugerir projetos de lei e o Judiciário, ser solicitado em demandas originadas pela falta de normas reguladoras. 

A maioria dos dispositivos esperando serem regulamentados está no capítulo sobre a Organização do Estado. Por outro lado, o capítulo com menos dispositivos é o destinado a Disposições Constitucionais Gerais.

Veja o comparativo:

Comparativo temático de assuntos ainda não regulamentados.(Imagem: Arte Migalhas)

Judiciário

As lacunas constitucionais também abrem espaço para atuação do Judiciário. Um dos casos mais conhecidos é relativo à ausência de regulamentação do direito de greve dos servidores públicos, previsto no art. 37, VII, da CF. 

No julgamento dos MIs 670, 708 e 712, o Supremo decidiu que, enquanto não for elaborada tal regulamentação, valem as regras previstas para o setor privado - lei 7.783/89.

Ainda, outro tema ainda não regulamentado e que foi objeto de ADO, é a licença-paternidade. Atualmente ela é prevista no art. 7º da CF, mas não há nenhuma proposta legislativa a respeito do tema. O STF, por maioria, definiu que o Congresso deve regulamentá-la em um prazo de 18 meses.

394784

Em entrevista ao Migalhas, Luís Roberto Barroso, presidente do STF, tratou do tema, explicando que uma Constituição abrangente gera protagonismo do judiciário.

Executivo

A ausência de normas reguladas abre espaço para a atuação do Poder Executivo. A título de exemplo está a proposta de reforma administrativa, veiculada na PEC 32/20, que, entre outros pontos, pretende debater o conteúdo do art. 41 da CF, que prevê a perda de cargos dos servidores públicos "mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa".

Curiosamente, outro dispositivo que ainda não possui regulamentação é o que diz respeito às funções do vice-presidente da República. Além de substituir temporariamente ou suceder o presidente em caso de impeachment, renúncia ou morte, o cargo de vice-presidente ainda não tem suas atribuições definidas.

Até hoje, apenas um projeto, de 2017, foi proposto para regulamentar o dispositivo, mas já foi arquivado.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Julgamento de licença-paternidade no STF é ativismo? Advogado analisa

5/10/2023
Migalhas Quentes

STF tem maioria para que Congresso aprove lei da licença-paternidade

30/9/2023
Migalhas Quentes

Constituição abrangente gera protagonismo do Judiciário, diz Barroso

21/8/2023
Migalhas Quentes

“Há raríssimos casos de ativismo judicial no país”, diz Barroso

28/6/2022
Migalhas Quentes

Aproximadamente 116 dispositivos da CF/88 ainda não foram regulamentados

13/10/2015

Notícias Mais Lidas

Veja áreas que mais remuneram advogados segundo pesquisa da OAB/SP

15/8/2024

Advogado é agredido por PMs; Justiça manda devolver fiança

15/8/2024

Pais terão IR penhorado por publicação de filhos ligando Moraes ao PCC

15/8/2024

CNJ implementa modelo-padrão de ementas para decisões judiciais

14/8/2024

Justiça determina interdição de santuário dedicado a Lúcifer no RS

14/8/2024

Artigos Mais Lidos

A doação em vida não resolve o problema: O aumento do ITCMD na reforma tributária

15/8/2024

ITCMD: Postergar planejamento sucessório pode sair caro por causa da reforma tributária

15/8/2024

Quando o advogado deve dizer “não”?

15/8/2024

Por que as buscas e apreensões extrajudiciais ainda não saíram do papel?

14/8/2024

Invalidade da cláusula non cedendo em face da Lei das Duplicatas

16/8/2024