Migalhas Quentes

União indenizará por uso desproporcional de algemas em blitz da PRF

Magistrada observou que as provas testemunhais comprovam o exagero da medida.

7/10/2023

A Justiça Federal condenou a União a pagar R$ 20 mil de indenização por danos morais a um morador de Chapecó/SC, por ter sido algemado sem necessidade durante uma blitz de trânsito da PRF na BR 480, em novembro de 2019. A 2ª vara Federal do município considerou que, na situação concreta, o uso de algemas foi desproporcional e contrariou súmula vinculante do STF.

O autor da ação alegou que foi parado pela PRF e instado a fazer o teste de bafômetro. O aparelho indicou nível de álcool que poderia configurar infração penal. Ele afirmou que seu comportamento não estava alterado e que colaborou com a abordagem policial, mesmo quando recebeu voz de prisão.

Ainda assim, foi algemado e mantido no local por cerca de duas horas, até ser conduzido à Delegacia de Polícia Civil, quando as algemas foram retiradas.

No depoimento prestado em juízo, “a autoridade policial responsável pela condução confirmou ter utilizado algemas, momento em que claramente adotava uma postura mais evasiva quanto aos questionamentos objetivos, postura relativamente destoante de seu depoimento contemporâneo aos fatos. Sobretudo quando passou a indicar outros detalhamentos não explicitados no momento da apresentação à Polícia Civil, como o de que supostamente a parte autora estivesse indicando resistência ao ato da prisão”.

União deverá pagar R$ 20 mil de indenização por danos morais.(Imagem: Freepik.)

Ao analisar o caso, a juíza Heloisa Menegotto Pozenato observou que as provas testemunhais comprovam o exagero da medida.

Para a magistrada, no início do processo “foram juntados os depoimentos prestados por dois policiais envolvidos na ocorrência, um deles responsável pela condução da parte. Já nesta primeira ocasião havia indicativos de que o indiciado não oferecia comportamento que pudesse tornar adequado o uso de algemas, tendo sido expressamente confirmada a sua espontaneidade e colaboração”.

Por fim, a juíza entendeu que, “não obstante a tentativa de esclarecer a legitimidade do expediente empregado – o que, vale dizer, por vezes se mostra necessário a depender da situação –, de seu testemunho colhe-se a segura percepção de que o uso de algemas partiu de critério abstrato, supostamente derivado de orientações internas da própria [PRF] em casos de abordagem por embriaguez, contrariando diretamente a orientação da súmula vinculante 11.”

O Tribunal omitiu o número do processo.

Informações: TRF-4.

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