Migalhas Quentes

As SAFs vão salvar o futebol brasileiro? Especialistas respondem

Advogados e especialista em marketing esportivo falam sobre os desafios dos clubes ao se transformarem em sociedades anônimas.

29/6/2023

 A chegada das SAFs - Sociedade Anônima do Futebol trouxe uma nova lógica de governança para os clubes que se assemelham a empresas privadas tradicionais, eliminando o modelo associativo tradicional.

Na prática, para um clube se tornar uma SAF ele precisa ter parte de seus direitos vendidos a investidores interessados, além de ter essa decisão passada por todos os órgãos do clube e ser aprovada pelos associados com direito a voto.

Gabriel Seijo, sócio do escritório Cescon Barrieu, banca que assessorou o Bahia Futebol Clube no seu processo de transformação em SAF, ressalta que elas vão revolucionar o futebol brasileiro.

“O modelo facilitará a atração de investimentos e a introdução de mecanismos de governança, gerando ganhos imediatos e a longo prazo. Elas envolvem desafios incomuns em operações de M&A”.

O advogado alerta que a mudança deve levar em conta o respeito à paixão de milhares ou milhões de torcedores, e é preciso cuidado com as cláusulas de identidade e memória.

“No ambiente da SAF, o clube se torna um acionista peculiar: seu principal interesse não é financeiro – por exemplo, o recebimento de dividendos ou a valorização das ações para futura venda –, mas sim a melhoria dos resultados esportivos, a perpetuação da entidade e a preservação de seus laços com a comunidade", diz.

Especialistas debatem migração dos clubes brasileiros de associação para sociedades anônimas.(Imagem: Freepik)

“Esse processo pode fortalecer os principais times da série A e dar um impulso para as equipes da série B”, explica Ivan Martinho, professor de marketing esportivo da ESPM.

No entanto, Martinho explica que "a expectativa é que tais métodos impactem de forma relevante a maneira de gerenciar que se conheceu até aqui, mas os resultados de qualquer forma sempre serão construídos por pessoas, daí a importância da seleção dos profissionais com afinidade a nova cultura, sejam eles existentes nos clubes ou trazidos de fora, não somente uma mudança no modelo".

No campo do investidor, o maior desafio é alinhar interesses econômicos vislumbrados pelos sócios aos desejos de resultado desportivo do clube. Segundo Daniel Laudisio, sócio do Cescon Barrieu, embora à primeira vista esses interesses possam parecer colidentes, eles têm inúmeras intersecções que permitem um formato de transação que, embora seja um pouco distinta de uma fusão e aquisição tradicional, alinhe os interesses das partes de forma harmônica.

“É possível manter um futebol competitivo ao mesmo tempo que o investidor tenha proteção e retorno de seu investimento."

Martinho alerta que ganhar faz parte da missão de qualquer entidade esportiva competitiva, porém avaliar os riscos do investimento, medir seu respectivo retorno e se responsabilizar por eventuais fracassos muda a maneira como tais decisões serão tomadas.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Advogado explica golpes por meio de aplicativos de apostas de futebol

23/6/2023
Migalhas de Peso

Profissionalização da gestão de finanças do futebol brasileiro

23/12/2022
Migalhas de Peso

Sociedade Anônima de Futebol (S.A.F.): a salvação do futebol

31/1/2022

Notícias Mais Lidas

"Vale-peru"? TJ/MT fixa R$ 10 mil de auxílio-alimentação em dezembro

19/12/2024

Bosch é condenada a pagar R$ 1,7 mi por fraude em perícias judiciais

19/12/2024

iFood é multada por designar representante hospitalizado em audiência

19/12/2024

PEC que limita supersalários de servidores é aprovada pelo Congresso

20/12/2024

MP/BA investiga Claudia Leitte por retirar "Iemanjá" de música

19/12/2024

Artigos Mais Lidos

Afinal, quando serão pagos os precatórios Federais em 2025?

19/12/2024

Atualização do Código Civil e as regras de correção monetária e juros para inadimplência

19/12/2024

5 perguntas e respostas sobre as férias coletivas

19/12/2024

A política de concessão de veículos a funcionários e a tributação previdenciária

19/12/2024

Julgamento do Tema repetitivo 1.101/STJ: Responsabilidade dos bancos na indicação do termo final dos juros remuneratórios

19/12/2024