Acontece hoje no STJ, a partir das 19h, o lançamento do livro "Translúcida", do ministro Sebastião Reis Júnior. A obra é dedicada, em especial, às pessoas transgênero. No livro, o ministro apresenta algumas de suas fotos de pessoas trans presas no sistema penitenciário paulista.
Unindo preocupação em dar visibilidade a essas pessoas e o interesse pela fotografia, o ministro foi ao Centro de Detenção Provisória Pinheiros II, em São Paulo, e registrou em imagens as angústias, alegrias, vaidades e os dilemas de presas transexuais que cumprem pena no local. Migalhas teve a honra de acompanhar essa visita.
A proposta do livro vai muito além das fotos: para cada imagem, pessoas com diferentes formações - profissionais do Direito, militares e artistas - aprofundam a reflexão do assunto por meio de múltiplas linguagens, expressando-se da forma como quiseram. A obra, assim, combina as fotos com cartas, ilustrações, contos, poesias e ensaios.
"Não é um livro de fotos. Também não é um livro que se limita a discutir a questão prisional. É muito mais do que isso", enfatiza o ministro.
Segundo ele, as fotos serviram para provocar, para falar de algo que não pode ficar escondido atrás dos muros de uma prisão, nem embaçado por preconceitos e mentiras.
"Temos que falar abertamente sobre as pessoas transexuais. Não só das presas, mas de todas que estão ao nosso redor, com quem convivemos no dia a dia", ressalta o ministro na apresentação da obra.
Visita ao presídio
Amante da fotografia, a humanidade que expõe em seus julgados poderá ser vista também em seu hobby. Ministro Sebastião, ao conversar com os presos, esteve atento aos direitos fundamentais e da dignidade humana, ouvindo os pedidos e anseios dos que ali estavam.
Em texto enviado ao Migalhas, S. Exa. conta e mostra o que viu, e fala com humanidade da situação daqueles que cumprem pena. Sebastião Reis Jr. também faz críticas ao Estado e o descaso em propiciar a ressocialização de seus presos.
"Por que será que temos uma repulsa tão grande àqueles que erraram e pagaram por seus erros? Será que ao cometerem crimes deixam de ser humanos, deixam de ter direitos?"
Unindo o amor pela fotografia ao trabalho que desempenha na Justiça, ministro mostrou a realidade de detentas que, muitas vezes, têm de dormir no chão em celas superlotadas e têm dificuldades na expedição de documentos com o nome social.