Quem se forma e vai para o mercado de trabalho percebe logo de cara que apenas o diploma no ensino superior não é um diferencial na disputa por uma vaga. Com efeito, uma pesquisa realizada pelo Vagas.com mostrou que 70% das vagas de chefia cadastradas na plataforma exigem curso de pós-graduação.
Os caminhos após a conclusão de curso são os mais variados: mestrado, MBA, cursos livres e profissionalizantes e, para quem é da área do Direito, existe o LLM, uma especialização no exterior.
Migalhas preparou uma reportagem para você entender como funciona essa pós-graduação, mostrando um exemplo real – entrevistamos Luís Henrique Fernandes, que cursou o LLM na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos.
- LLM: o que é?
LLM é a tradução para Latin Legum Magister ou, em inglês, é a sigla para o “Master of Laws”. Em migalhas, o LLM é apelidado de “mestrado” pelo senso comum; no entanto, não é considerado uma especialização stricto sensu, como são o mestrado e o doutorado no Brasil.
O LLM é um curso originário dos países que adotam o sistema de Common Law e, por isso, os Estados Unidos e os membros do Reino Unido são países que oferecem formação de ponta no que se refere a essa especialização profissional.
Áreas do Direito Corporativo, Financeiro, Mercado de capitais e Antitruste são pratos cheios para quem deseja estudar fora, já que o Brasil segue muitas tendências internacionais. Agora, para quem é da área trabalhista, talvez o LLM não seja a melhor opção, levando em consideração as peculiaridades do nosso país e das normas na seara do trabalho.
- Vivendo o LLM
Já fazia sete anos que Luís Henrique Fernandes havia se formado e, desde então, estava vivendo a rotina corrida de um advogado na grande São Paulo. Observando que muitos colegas de trabalho já tinham feito o LLM nos EUA, ele, então, começou a cogitar esse projeto: o advogado queria se aperfeiçoar na área concorrencial do Direito, praticar o inglês e ter a vivência de morar no exterior sozinho.
Ao Migalhas, ele contou que, durante nove meses, viveu uma experiência totalmente imersiva na Universidade da Pensilvânia e, para além do ramo concorrencial, teve aulas de liderança, advocacia empresarial e outras disciplinas com métodos de ensino diferentes daqueles que já havia tido contado no Brasil.
“Valeu a pena?”, indagamos ao advogado. Sem titubear, ele nos respondeu que sim e, ainda, complementou: “é um ambiente em que você olha para si mesmo. Você aprende muito todos os dias”, frisou.
- Por onde começar?
Luís Henrique Fernandes começou pela pesquisa: foi atrás de universidades que batiam com o perfil dele e procurou qual o tipo de produção acadêmica que as universidades estavam produzindo.
Seis meses antes, o advogado buscou todos os documentos da sua graduação no Brasil (ex: histórico de notas); cartas de recomendação (profissional e acadêmica); elaborou um “personal statement” (uma espécie de carta em que você explica sua vontade de fazer o LLM) e validou sua proficiência em inglês. Por fim, ele teve de se atentar às janelas de aplicação para a especialização.
A essa altura, o leitor deve estar se perguntando qual é o valor médio a ser investido para cursar o LLM. Luís Henrique Fernandes foi franco: “não quero assustar, o valor é alto e o câmbio é horroroso”. Segundo o advogado, quem deseja ter essa experiência para todo o período do curso deve se preparar para:
- Curso de uma faculdade top de linha: US$ 60 mil
- Custo de vida: US$ 30 – 40 mil
O advogado conta que combinou quatro fontes de recursos para conseguir fazer o LLM: (i) conseguiu uma bolsa parcial da universidade; (ii) teve apoio do escritório Pinheiro Neto Advogados (seu local de trabalho); (iii) dinheiro guardado e; (iv) financiamento estudantil, em que você paga seis meses depois da pós-graduação e pode acertar o valor durante 20 anos (tudo em dólar).
- “Por Dentro do LLM”
Toda a experiência e vivência que Luís Henrique Fernandes adquiriu com o LLM foi transformado em um projeto pessoal voluntário chamado “Por Dentro do LLM”, uma página no Instagram.
A motivação foi a dificuldade inicial de buscar informações acerca dos cursos e dos processos seletivos: “fui para o LL.M. e demorei para entender como tudo funciona. Agora a ideia é facilitar a vida dos próximos de um jeito colaborativo!”, detalha o link da bio.
Ao Migalhas, o advogado deixa claro que a página não é para falar do dia a dia dele nos EUA e, sim, fazer um compilado de informações fundamentais para quem quer se aventurar nessa experiência.