Depois de enfrentar um divórcio e criar quatro filhos, Sidnei Filippi decidiu que era o momento de voltar a estudar. Com a ajuda dos filhos se matriculou no curso de Direito. Mas a surpresa veio depois: ela passou no mesmo estágio em que o filho foi selecionado.
Verificada a possibilidade legal de dois parentes atuarem na mesma unidade judicial, Sida, como é carinhosamente chamada, permaneceu no processo seletivo e hoje convive com seu filho não só em casa, mas também no trabalho. “Trabalhar com meu filho é maravilhoso, tenho aprendido muito com ele”, disse a mãe.
No primeiro ano do curso, também de Direito, o segundo filho, Anderson Filippi Bianchi, se queixou das dificuldades que passava no início da graduação.
“Após uma brincadeira, ela disse que não era tão difícil e provaria. No dia achei engraçado e pensei que seria ‘da boca para fora’, mas não foi bem assim. Na semana seguinte, minha mãe estava cobrando meu irmão Alex e eu para levarmos ela até a universidade para efetivar a matrícula”, conta.
O filho foi selecionado para estagiar no cartório do Juizado Especial Criminal e Vara da Violência Doméstica da comarca de Chapecó. Em seguida, Sida também chegou à fase da graduação em que precisava estagiar.
Foi aí que se inscreveu no site do Poder Judiciário de Santa Catarina para participar dos processos da comarca. “Ela passou por duas seletivas, mas sem êxito. E em conversa durante o almoço, me informou que havia recebido um telefonema para entrevista no Fórum. Após falar o local do possível estágio, fiquei surpreso e receoso, pois era no mesmo lugar em que estagio”, lembra o filho.
Verificada a possibilidade legal de dois parentes tão próximos atuarem na mesma unidade judicial, Sida permaneceu no processo seletivo. Outro telefonema avisou que ela era a pessoa selecionada. “Não perdi a oportunidade e logo brinquei dizendo que, por ‘hierarquia temporal’, ela me devia respeito. Só esqueci que ainda, de fato, ela não estava estagiando, e recebi um beliscão [risos]”, brincou.
Ela com 48 anos de idade e ele com 23, a dupla hoje passa mais tempo juntos do que nunca. Anderson diz que foi difícil se acostumar a chamá-la de Sida, mas agora faz isso até em casa. “Aí ela pega no meu pé dizendo que não estamos no cartório [risos]. Mãe é um ‘bicho’ difícil de entender às vezes, mas sei que tudo o que elas fazem é para nos ver bem”, descontraiu.
As atividades acadêmicas também são compartilhadas e um ajuda o outro com o conteúdo. Sida, atualmente cursando o 5º período de Direito, ainda não decidiu o futuro profissional, mas demonstra preferência pela área do Direito de Família, algo em que tem experiência e mérito suficientes.
“Trabalhar com meu filho é maravilhoso, tenho aprendido muito com ele. Tenho orgulho de ser mãe do Anderson, sendo eu mãe e pai em período integral, e me esforcei muito para dar a devida educação a eles. Acreditando que fiz o melhor, achei que agora era minha vez e voltei a estudar. Isso me abriu muitas portas, e a melhor de todas é estar estagiando com meu filho, que só me dá orgulho, pois é inteligente e muito esforçado”, divide Sida, certa de que cumpriu seu melhor papel no mundo: o de mãe.
Fonte: TJ/SC.