Migalhas Quentes

Consumidora não receberá danos morais por atraso em voo

TJ/SP considerou que o atraso, por si só, não configura dano moral, mas mero inadimplemento contratual.

28/6/2021

(Imagem: Freepik)
Uma viajante que teve atraso em seu voo não será indenizada por danos morais. Assim entendeu a 18ª câmara de Direito Privado do TJ/SP ao negar provimento ao recurso da consumidora. O colegiado reconheceu que o atraso do voo não é considerado como causador de dano moral, não se admitindo a configuração do dano moral “in re ipsa”.

A autora propôs ação indenizatória em face da Latam, em razão de atraso em voo da companhia, requerendo a reparação pelo dano moral sofrido. Fundamentou, em síntese, pela aplicação do Código de Defesa do Consumidor, com o consequente pagamento dos danos morais.

Em sua defesa, a empresa admitiu problemas com a tripulação e aduziu que a consumidora foi realocada no próximo voo disponível, não havendo cabimento para indenização com danos morais, os quais, inclusive, não haviam sido demonstrados.

O magistrado de 1º grau indeferiu os pedidos formulados na inicial, razão pela qual a autora interpôs recurso de apelação ao TJ/SP.

O relator, desembargador Helio Farias, ao analisar o caso, ressaltou que o simples atraso do voo não é considerado como causador de dano moral. Ele ainda argumentou que a questão do dano moral deveria ser enfrentada conforme a Convenção de Montreal, que prevalece sobre o Código de Defesa do Consumidor.

“Tratando-se de transporte aéreo internacional, convém observar o disposto no art. 927, inciso II, do Código de Processo Civil, no que diz respeito aos enunciados de súmula vinculante (RE 636331 Tema 210 de Repercussão Geral e ARE 766618). A questão é apreciada segundo a Convenção de Montreal (Decretos nºs 59/2006 e 5910/2006 e artigo 178 da Constituição Federal), que prevalece sobre as normas contidas no Código de Defesa do Consumidor, para o fim de eventual imposição de sanção à empresa aérea internacional.”

Por fim, concluiu que embora seja incontroverso o fato de que o voo não se realizou no horário contratado, o mero inadimplemento contratual, por si só, não configura dano moral, não se admitindo a configuração do dano moral “in re ipsa”, conforme entendimento do STJ.

Diante disso, foi negado provimento ao recurso.

O escritório Rosenthal e Guaritá Advogados atua no caso.

Veja o acórdão.

______

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Companhia aérea consegue reduzir indenização por atraso em voo internacional

10/8/2020
Migalhas Quentes

Passageiro que recebeu assistência não será indenizado por atraso em voo

24/6/2020
Migalhas Quentes

STJ: Dano moral por atraso de voo exige prova de fato extraordinário

28/9/2019

Notícias Mais Lidas

Estudantes da PUC xingam alunos da USP: "Cotista filho da puta"

17/11/2024

Escritórios demitem estudantes da PUC após ofensas a cotistas da USP

18/11/2024

Gustavo Chalfun é eleito presidente da OAB/MG

17/11/2024

Juíza compara preposto contratado a ator e declara confissão de empresa

18/11/2024

Concurso da UFBA é anulado por amizade entre examinadora e candidata

17/11/2024

Artigos Mais Lidos

O Direito aduaneiro, a logística de comércio exterior e a importância dos Incoterms

16/11/2024

Encarceramento feminino no Brasil: A urgência de visibilizar necessidades

16/11/2024

Transtornos de comportamento e déficit de atenção em crianças

17/11/2024

Prisão preventiva, duração razoável do processo e alguns cenários

18/11/2024

Gestão de passivo bancário: A chave para a sobrevivência empresarial

17/11/2024