Nesta segunda-feira, 7, um grupo de 23 congressistas americanos enviou uma carta ao DoJ - Departamento de Justiça dos Estados Unidos pedindo que o país torne públicas informações sobre como os órgãos de investigação dos EUA cooperaram com a operação Lava Jato no Brasil.
A carta foi divulgada com exclusividade pela BBC News Brasil.
Segundo o veículo de comunicação, no texto, os parlamentares mostram-se "preocupados" com "o envolvimento de agentes do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) em procedimentos investigativos e judiciais recentes no Brasil, que geraram controvérsia substancial e são vistos por muitos no país como uma ameaça à democracia e ao Estado de Direito".
Ainda de acordo com a BBC, os congressistas temem que o envolvimento de investigadores norte-americanos em práticas que foram consideradas ilegais pelo STF possa ser visto como interferência na política de outro país.
Em entrevista à BBC News Brasil, a deputada democrata Susan Wild, da Pensilvânia, uma das signatárias da carta ao DoJ, afirma:
"Há muito tempo estou preocupada com a Lava Jato e suas consequências para a democracia brasileira - particularmente com o que parece ter sido um esforço politizado e falho para prender o ex-presidente Lula e mantê-lo fora das urnas em 2018. Se o DoJ desempenhou algum papel na erosão da democracia brasileira, devemos agir e garantir a responsabilização para que isso nunca se repita."
Ainda na mesma entrevista, a deputada diz que "os Estados Unidos devem estar atentos à sensibilidade de seus atos tanto no Brasil quanto em outros lugares da América Latina, dado o histórico de interferência dos EUA na região".
Não é a primeira vez
Em agosto de 2019, membros do Congresso dos EUA também expressaram preocupação com o envolvimento de autoridades americanas com a Lava Jato. À época, os signatários afirmaram que embora reconheçam o trabalho essencial do Departamento, queriam se "assegurar de que as atividades do DoJ no Brasil não encorajaram qualquer forma de má-conduta por partes de agentes judiciais brasileiros ou apoiaram procedimentos judiciais que violaram a ética e os padrões jurídicos básicos".