Em documento enviado ao STF, a PF apontou “fortes indícios” do envolvimento do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, com um possível esquema de corrupção para exportação ilegal de madeira. A representação acontece no âmbito da operação Akuanduba, deflagrada na semana passada, com a autorização do ministro Alexandre de Moraes.
No mesmo documento, a PF também diz que as provas reunidas na investigação já são suficientes para enquadrar o presidente afastado do Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Eduardo Bim, pelos crimes de facilitação ao contrabando e advocacia administrativa.
As informações foram reveladas pelo jornal O Globo.
“Todos esses pontos mencionados na petição originariamente distribuída à V. Exa. Excelência, encontram-se, hoje, s.m.j., bem melhor definidos no âmbito das presentes investigações e sinalizam, de forma bastante robusta a nosso ver, para a existência de indícios de prática delituosa atribuível ao atual Ministro do Meio Ambiente”, escreveu o delegado Franco Perazzoni, responsável pela investigação.
Operação Akuanduba
Crimes contra a administração pública, como corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação de contrabando, praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro, são o alvo da operação Akuanduba, deflagrada pela PF no último dia 19.
Cerca de 160 policiais federais cumpriram 35 mandados de busca e apreensão no DF e nos Estados de SP e PA. As medidas foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Além das buscas, Moraes determinou o afastamento preventivo de 10 agentes públicos ocupantes de cargos e funções de confiança no Ibama e no ministério do Meio Ambiente.
As investigações foram iniciadas em janeiro deste ano a partir de informações obtidas junto a autoridades estrangeiras noticiando possível desvio de conduta de servidores públicos brasileiros no processo de exportação de madeira.
Troca de ministro
Conforme divulgado pelo Estadão, o PGR Augusto Aras enviou, nesta terça-feira, 25, ofício ao presidente da Suprema Corte, ministro Luiz Fux, pedindo o afastamento de Moraes da investigação.
No ofício e em uma petição direta para Moraes, o PGR defende que a operação Akuanduba seja redistribuída a um outro ministro, por sorteio, ou vá para a ministra Cármen Lúcia, que é a relatora de uma ação conexa: a denúncia do delegado Alexandre Saraiva, ex-superintendente da PF no Amazonas, de que Salles obstruiu a maior investigação ambiental em favor de quadrilhas de madeireiros.
- Processo: Pet 8.975