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Concessões do Brasil a sócios menores dividem Mercosul

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18/1/2007


Divergências

Concessões do Brasil a sócios menores dividem Mercosul

Com diferentes argumentos, as idéias apresentadas pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, foram criticadas pelos governos de Paraguai, no Uruguai e na Argentina. O chanceler brasileiro propôs eliminar a dupla cobrança de tarifa externa comum aos produtos de fora do bloco que entram por Paraguai e Uruguai, mas que têm o Brasil como destino.

Além disso, Amorim aceitou que produtos paraguaios e uruguaios possuam componentes de países de fora do Mercosul.

Ouvidos pela reportagem da BBC Brasil, o secretário de Relações Econômicas Internacionais do Ministério das Relações Exteriores da Argentina, embaixador Alfredo Chiaradia, e o vice-ministro das Relações Exteriores para Assuntos Econômicos e Integração do Paraguai, Emílio Jimenez, discordaram das sugestões do ministro brasileiro.

Para Chiaradia, o “relaxamento” das chamadas regras de origem (conteúdo importado dos produtos fabricados no Paraguai e no Uruguai) pode abrir espaço para a entrada, no Mercosul, de componentes da China ou de outro país asiático.

“Setores sensíveis como calçados, linha branca (fogões e geladeiras) e bicicletas, fabricados pelos países do Mercosul, poderão sofrer com esta abertura anunciada pelo Brasil”, ressaltou o negociador argentino. Chiradia disse ainda que o fim da cobrança dupla de tarifas ainda é visto "com muita cautela". A idéia estaria em discussão há pelo menos dois anos, de acordo com outros negociadores do bloco.

Uruguai e Paraguai

Em Montevidéu, o ministro da Economia, Danilo Astori, disse à imprensa local que a eliminação da dupla cobrança “não é uma solução e não resolve o problema de fundo” - que seria, segundo ele, a falta de acesso aos mercados dos outros membros do bloco.

País com três milhões de habitantes, o Uruguai tem se sentido – assim como o Paraguai – discriminado pelos dois sócios maiores, Brasil e Argentina. E, recentemente, acelerou seu interesse por maior aproximação com Estados Unidos – numa relação fora do bloco.

De Assunção, o vice-ministro das Relações Exteriores, Emilio Jimenez, agradeceu a iniciativa do governo brasileiro. Mas ressalvou: “É um avanço importante, mas não podemos considerar que estas medidas são suficientes para concluir o processo de assimetria no bloco”.

Para Jimenez, o Mercosul deve lutar para conquistar sua “meta número um”: o livre trânsito de bens dentro do bloco. “Que nossas mercadorias entrem no Mercosul sem nenhum tipo de barreira”. País com cerca de seis milhões de habitantes, o Paraguai, recordou o vice-ministro, exporta 50% de sua produção para os sócios do bloco.

Fundo de Convergência

A autoridade paraguaia acredita que o equilíbrio de forças no bloco começará a surgir, de fato, a partir do Fundo de Convergência Estrutural (Focem).

Este Fundo já conta, como informou o subsecretário de integração econômica da Argentina, Eduardo Sigal, com US$ 120 milhões. E deverá servir, principalmente, para ajudar aos dois menores sócios e socorrer na hora dos problemas conjuntos do bloco.

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Fonte: BBC Brasil

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