O gato subiu no telhado, migalheiro.
Há alguns dias, a jornalista Maria Cristina Fernandes disse, no jornal Valor Econômico, que há em curso uma mudança na Constituição Federal de 1988, que alteraria a composição do Supremo Tribunal Federal.
A ideia seria repristinar um conceito da vetusta carta de 1891, o qual trata do Poder Judiciário.
Vejamos o que dizia o livrinho da época:
“O Presidente da República designará, dentre os membros do Supremo Tribunal Federal, o Procurador-Geral da República, cujas atribuições se definirão em lei.” (Art. 58, § 2º)
Ou seja, o que se quer é que o Procurador-Geral da República seja escolhido dentre os ministros do Supremo.
Isso, de fato, pode até dar mais independência ao procurador-geral, tirando a cisma permanente de que o chefe do parquet é cordato com o Executivo, pois sempre está a vislumbrar uma nomeação ao Supremo.
Mas, como bem já observa o leitor, para que isso aconteça é necessário aumentar de 11 para 12 o número de cadeiras na Suprema Corte.
Sim, é que o ministro do Supremo que viesse a assumir a PGR (provavelmente por rodízio), não participaria do colegiado. Assim, mantém-se inalterado o formato de 11 julgadores.
Nesse caso, o escolhido para a novel vaga (se for fato o boato da PEC que está em construção) já seria até conhecido: o atual procurador-geral, dr. Augusto Aras.
Segundo se escuta, a entabulação dessa conversa está avançada. Tanto alguns ministros do Supremo, como parlamentares, teriam sido ouvidos e já estariam de acordo.
- Pedra cantada
A história teria vazado agora, mas o intento não é novo. De fato, Bolsonaro, há alguns meses, sugeriu que haveria uma terceira vaga no Supremo, na qual ele nomearia o procurador Augusto Aras.
- Plano antigo
Aumentar o número de ministros no Supremo é plano antigo de Bolsonaro. Em diversos momentos, em campanha, ele sugeriu que faria isso.