Estudantes da PUC xingam alunos da USP: "Cotista filho da puta"
O caso foi denunciado ao MP, com a solicitação de abertura de inquérito para apuração dos fatos.
Da Redação
domingo, 17 de novembro de 2024
Atualizado às 13:50
Neste sábado, 16, os Jogos Jurídicos Estudantis de 2024 foram marcados por episódios de racismo envolvendo estudantes da PUC contra alunos da USP. O evento, realizado em Americana/SP, ganhou repercussão após vídeos viralizarem nas redes sociais.
Nas imagens, integrantes da torcida da PUC são flagrados proferindo insultos como "pobre!", "ainda por cima é cotista" e "cotista filho da puta" a estudantes negros da USP.
Assista aos momentos:
ABSURDO ??
— Letícia Chagas (@leticiachagassp) November 16, 2024
Estudantes de Direito da PUC proferem xingamentos preconceituosos contra estudantes negros da USP.
São esses os futuros profissionais de direito do Brasil. pic.twitter.com/Nx58aycIDs
Denúncia formalizada
No Twitter, a co-deputada estadual Letícia Chagas, divulgou que, em conjunto com a deputada Federal Sâmia Bomfim e a vereadora Luana Alves, denunciou o caso ao MP, solicitando a abertura de inquérito para investigar o caso.
Segundo a denúncia, "as ofensas transcendem o ambiente de rivalidade esportiva e configuram um comportamento discriminatório que associa a condição socioeconômica e racial de estudantes cotistas a uma suposta inferioridade".
O documento também ressalta que "tais atitudes configuram violação aos direitos fundamentais e ferem diretamente os valores da dignidade humana e da igualdade".
?? SÁBADO A NOITE MAS A GENTE NÃO PARA! ??
— Letícia Chagas (@leticiachagassp) November 17, 2024
Em conjunto com o mandato da @samiabomfim e o da @luanapsol, acabamos de protocolar uma DENUNCIA no Ministério Público pedindo abertura de inquérito contra os atos r4c1stas realizados por estudantes da PUC nos Jogos Jurídicos de SP hoje pic.twitter.com/w58eVTaC0B
Nota de repúdio
Diante do ocorrido, a Faculdade de Direito da USP e a PUC-SP, juntamente com os Centros Acadêmicos XI de Agosto e 22 de Agosto, emitiram uma nota conjunta de repúdio, classificando o episódio como "absolutamente inadmissível" e contrário aos valores democráticos e humanistas das instituições.
A nota também destaca a necessidade de apuração rigorosa e punição exemplar para os responsáveis.
Confira a íntegra:
"As Diretorias das Faculdades de Direito da USP e da PUC-SP e os Centros Acadêmicos XI de Agosto e 22 de Agosto das duas instituições vêm a público manifestar repúdio aos lamentáveis episódios ocorridos nos Jogos Jurídicos de 2024. Durante o evento, um grupo de alunos da Faculdade de Direito da PUC-SP proferiu manifestações preconceituosas contra estudantes da Faculdade de Direito da USP, utilizando o termo "cotistas" de forma pejorativa.
Essas manifestações são absolutamente inadmissíveis e vão de encontro aos valores democráticos e humanistas, historicamente defendidos por nossas instituições. Diante disso, as entidades signatárias comprometem-se a apurar rigorosamente o caso, garantindo a ampla defesa e o devido processo legal, e a responsabilizar os envolvidos de maneira justa e exemplar.
Reconhecemos que a segregação social ainda é um desafio no Brasil, mas entendemos que o ambiente universitário deve atuar como um espaço de reparação e transformação. Incidentes como este reforçam a urgência de combatermos todas as formas de hostilidade no meio acadêmico.
Festas e jogos universitários devem ser momentos de integração, congraçamento e solidariedade, não de ódio, violência e intolerância, como não raramente se vê. A luta pela superação de uma cultura de violência nesses espaços depende do engajamento de todos e todas.
Além da responsabilização dos envolvidos, é indispensável avançarmos na direção de políticas preventivas e de acolhimento. Planejamos implementar protocolos que fortaleçam ouvidorias, promovam a prevenção e a educação antirracista e assegurem um ambiente inclusivo e respeitoso para todos os alunos e alunas. Essa é uma demanda frequente da comunidade acadêmica, que exige ações concretas e eficazes.
Estamos determinados a transformar este episódio em um marco para o fortalecimento de uma cultura de respeito, equidade e inclusão em nossas instituições."