Migalhas Quentes

Advogados apostam no YouTube com “juridiquês” descomplicado

O objetivo é popularizar o acesso ao Direito e tornar mais ampla a compreensão sobre questões jurídicas.

11/1/2021

Em algum momento da vida todo mundo precisa da ajuda de um advogado, seja para tirar dúvidas sobre divórcio, regime de bens, contratos, guarda dos filhos ou até partilha de herança. No entanto, muitas destas questões podem parecer bastante complexas e pouco acessíveis para a maioria, especialmente quando o profissional faz uso de um linguajar muito técnico, com termos rebuscados e de difícil compreensão.

Pensando nisso, com o objetivo de popularizar o acesso ao Direito e tornar mais ampla a compreensão sobre questões jurídicas, advogados têm investido na plataforma de vídeos YouTube. Conheça a seguir quatro exemplos que estão fazendo sucesso com conteúdos que desmistificam o “juridiquês”.

(Imagem: Arte Migalhas)

Conteúdo humanizado

Ricardo Reis acredita que o advogado tem a função social de levar conhecimento do Direito às pessoas menos esclarecidas. Com esse pensamento, começou a fazer pequenos vídeos voltados para o público leigo. “No início, era tudo muito despretensioso, mas rapidamente o meu projeto cresceu”, conta.

Hoje, o canal do advogado youtuber conta com meio milhão de inscritos. Ele cria conteúdo semanalmente, desenvolve cursos jurídicos e é mentor de vários colegas, tudo isso por intermédio dos vídeos.

“Aos 50 anos me descobri comunicador em uma nova profissão de grande relevância que me permite ajudar as pessoas e ganhar dinheiro.”

O carro-chefe do canal de Ricardo são os vídeos voltados aos direitos dos endividados. Com mais de três milhões de visualizações, “como limpar o nome sem pagar a dívida” atingiu 98% de aprovação (“likes”) no YouTube.

“O maior birô de análise de crédito do Brasil já me notificou, tirou o meu blog do ar por duas vezes e me proibiu de escrever o nome dele. Porém, todas as críticas são irrelevantes diante dos milhares de agradecimentos.”

Para o advogado, quem não domina a produção de um vídeo está fadado ao fracasso.

“Os vídeos já são uma realidade e vão muito além do YouTube e redes sociais. Eles são usados para humanizar os sites dos escritórios, contato com clientes e audiências por videoconferência. É possível produzir conteúdo de qualidade e ajudar as pessoas. Tudo isso sem infringir os preceitos éticos que o advogado deve perseguir.”

“Jogando Direito”

Há cerca de um ano, a advogada Debora Ghelman criou o canal “Jogando Direito”. No espaço, a especialista em Direito Humanizado nas áreas de Família e Sucessões, publica regularmente vídeos focados em temas atuais e ligados ao cotidiano.

A profissional já abordou questões diversas como diferenças entre casamento e união estável, guarda compartilhada durante a pandemia, contrato de namoro, pacto antenupcial, guarda de animais de estimação e planejamento sucessório.

Debora defende a simplificação do “juridiquês” por acreditar que a elitização da linguagem na advocacia com termos e expressões técnicos é uma das principais causas da dificuldade de acesso à Justiça para a grande maioria da população.

“Quando a forma de comunicar não segrega, mas acolhe aqueles que não pertencem a essa área, a informação sobre questões jurídicas passa a ter um papel social que é o de ajudar as pessoas na busca por seus direitos”, diz a advogada.

“Advocacia Simples”

Mateus Terra iniciou o canal “Advocacia Simples” em 2015, após o fim de uma sociedade. À época, o profissional passou a consumir muito conteúdo de empreendedorismo, fez alguns cursos e mudou sua forma de advogar. “Queria compartilhar o que estava aprendendo, o que dava certo e o que não dava na minha advocacia, e acredito que o YouTube é uma das melhores mídias para isso”, explica.

O conteúdo do canal é direcionado para profissionais da área, com temas do dia a dia e dicas de marketing e empreendedorismo jurídico. “O objetivo é mostrar como a advocacia pode ser mais simples com as técnicas certas”, afirma.

Em seu vídeo mais visualizado, que atingiu quase 20 mil pessoas em 2016, Mateus ensina como despachar com juiz. O sucesso foi tanto que o advogado repetiu o conteúdo em uma versão mais atualizada no ano passado.

Dom para comunicação

Liliana Delfino desde a infância acompanhava a mãe, também advogada, em entrevistas de rádio e televisão. Quando a genitora faleceu, em 2007, a filha assumiu seu programa de rádio na cidade natal.

“A partir desse momento descobri que eu tinha o dom para comunicação e me vi na obrigação de levar informação para os que mais precisavam. Assim, criei meu canal no YouTube e desde então levo semanalmente informações jurídicas de fácil compreensão para todos que me seguem.”

Com ênfase no Direito Previdenciário, Liliana publica em média de dois a três vídeos por semana para os seus mais de 640 mil inscritos. O vídeo “segredos que o INSS não te conta” atingiu 3 milhões e 200 mil visualizações.

“Todos gostam da maneira como explico, principalmente quando transformo um assunto muito difícil e burocrático em um tema de fácil compreensão.”

 

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

De doméstica a juíza: "Comparar desiguais resulta em injustiças", diz magistrada da Bahia

7/1/2021
Migalhas Quentes

Advogadas passam de 2 milhões de visualizações no TikTok

1/12/2020
Migalhas Quentes

Sucesso no TikTok: Advogados viralizam com vídeos bem-humorados sobre a profissão

26/11/2020
Migalhas Quentes

Juíza faz vídeo trocando vestido pela toga e viraliza nas redes sociais

18/11/2020

Notícias Mais Lidas

"Vale-peru"? TJ/MT fixa R$ 10 mil de auxílio-alimentação em dezembro

19/12/2024

Bosch é condenada a pagar R$ 1,7 mi por fraude em perícias judiciais

19/12/2024

iFood é multada por designar representante hospitalizado em audiência

19/12/2024

PEC que limita supersalários de servidores é aprovada pelo Congresso

20/12/2024

MP/BA investiga Claudia Leitte por retirar "Iemanjá" de música

19/12/2024

Artigos Mais Lidos

Afinal, quando serão pagos os precatórios Federais em 2025?

19/12/2024

Atualização do Código Civil e as regras de correção monetária e juros para inadimplência

19/12/2024

5 perguntas e respostas sobre as férias coletivas

19/12/2024

A política de concessão de veículos a funcionários e a tributação previdenciária

19/12/2024

Julgamento do Tema repetitivo 1.101/STJ: Responsabilidade dos bancos na indicação do termo final dos juros remuneratórios

19/12/2024