Foram graves as acusações feitas por Sergio Moro contra o governo ao anunciar, nesta sexta-feira, 24, que deixa a pasta da Justiça.
Inferferência política na PF
O grande motivo de sua saída, segundo revelou, foi a intervenção política de Bolsonaro na Polícia Federal. "Não tinha como aceitar essa substituição. (...) Tenho que preservar o compromisso que assumi, com o próprio presidente, de que seriamos firmes no combate à corrupção."
Moro destacou que Bolsonaro lhe deu carta branca sobre o comando da PF, o que não cumpriu, e que decidiu trocar a chefia sem qualquer justificativa plausível, situação que pode levar a “relações impróprias”.
Preocupação com inquérito
Entre as polêmicas falas, Moro afirma que Bolsonaro está preocupado com o inquérito aberto com autorização do STF para investigar atos a favor da ditadura que ocorreram em Brasília. Este teria sido o motivo da troca do comando da PF.
Sobre este ponto, é válido lembrar que a lei das organizações criminosas (12.850/13) prevê que incorre nas penas cominadas ao crime de organização criminosa "quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa" (art. 2º, § 1º).
A pena é de reclusão de 3 a 8 anos e multa.
Assinatura que não aconteceu
No pronunciamento com os detalhes de sua saída, Moro apontou crime de responsabilidade do presidente da República por ter falsificado sua assinatura na exoneração de Valeixo:
Pensão garantida
As revelações continuam após Moro dizer que lhe foi prometida uma pensão, destinada a sua família, caso "algo lhe acontecesse". Esta foi uma condição imposta por Moro para aceitar o cargo, já que estava abandonando a Previdência da magistratura, para a qual contribuiu por 23 anos.
Currículo
O ex-ministro rememorou seu currículo desde a época de juiz até os dias no ministério da Justiça, enfatizando a importância da operação Lava Jato no combate à corrupção e seu empenho contra o crime organizado, já como ministro da Justiça.
Futuro na carreira
Moro diz que, infelizmente, o abandono à magistratura é um caminho sem volta. "Vou procurar mais adiante um emprego, não enriqueci. (...) E quero dizer que, independentemente de onde eu esteja, sempre vou estar à disposição do país."