José Adriano Marrey Jr, uma unanimidade nacional
A popularidade, que sempre acompanhou Marrey Jr., ganhou expressão também num fato curioso: muitos pais batizaram os filhos com o sobrenome dele no lugar do nome. Merecida homenagem a esse mineiro de nascimento, considerado político destemido e criminalista notável. Seu pioneirismo ficou patente nos projetos que desenvolveu. As primeiras leis paulistas de acidentes de trabalho, por exemplo, são de sua autoria. Atuou também em favor da infância e dos menores abandonados – o que acabou resultando na criação do Juizado de Menores de São Paulo. Os direitos civis das mulheres casadas, a proteção às vítimas de delitos e o apoio a egressos das penitenciárias foram outros dos temas pelos quais Marrey Jr. lutou.
Filho do comendador José Adriano Marrey e de Clara Monteiro de Barros Marrey, ele nasceu em Itamarandiba, Minas Gerais, em 7 de agosto de 1885. Fez os estudos primários na cidade mineira de Teófilo Otoni e, em 1898, aos 13 anos, mudou-se de vez para a capital paulista, onde se formou advogado em 1906. Depois de formado, passou a advogar na capital e logo foi eleito juiz de paz.
Em 1915, tornou-se vereador pela cidade e iniciou uma intensa carreira política. Doze anos depois, foi eleito deputado federal pelo Partido Democrático, que ajudara a fundar sob a liderança do conselheiro Antônio de Almeida Prado. Sua principal bandeira era combater o Partido Republicano Paulista (PPR), de Júlio Prestes e Washington Luís, famoso por usar métodos fraudulentos para manter-se no poder. Logo, Marrey Jr. consagrou-se como um dos mais destacados líderes da chapa da Aliança Liberal, que levou Getúlio Vargas à presidência nas eleições de 1930.
Dois anos mais tarde, na Revolução Constitucionalista, foi um dos idealizadores do projeto de governo pretendido pelos rebelados. E, em outubro daquele ano, com o fracasso do levante, publicou uma análise acusando a direção do Partido Democrático de irresponsável por ter deflagrado aquela "aventura" sem contar antes com alianças nacionais sólidas. Suas críticas lhe valeram a exclusão do Partido.
Só em 1936, Marrey voltou à política: foi o vereador mais votado da capital paulista. Um ano mais tarde, com o golpe de estado desencadeado por Vargas, afastou-se da vida pública, à qual só retornou em 1941, quando o interventor em São Paulo, Fernando Costa, convidou-o a integrar o Conselho Administrativo do Estado. Ocupou ainda os cargos de secretário estadual da Justiça e de Viação e Obras Públicas, quando desenvolveu um projeto financeiro que permitiu a expansão das redes de água e de esgotos.
Em setembro de 47, novamente, consagrou-se como vereador mais votado de São Paulo e tornou-se presidente da Câmara Municipal da cidade – função que manteve por quatro anos, quando se tornou deputado federal. Manteve o mandato até 1953, ano em que o recém-eleito Jânio Quadros convidou-o para ocupar, sucessivamente, a Secretaria de Negócios Interinos e Jurídicos e a Secretaria da Justiça da Prefeitura de São Paulo. Foram suas últimas funções públicas. Depois delas, Marrey Jr. retirou-se da política.
Morreu aos 80 anos, em 14 de março de 1965, e seu legado foi lembrado pelas inúmeras autoridades e personalidades presentes ao enterro. Também os advogados lamentaram a perda. Apesar da vida intensa, Marrey Jr. sempre participou das lutas da categoria. Foi membro do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e dos institutos dos Advogados Brasileiros e de São Paulo, tendo exercido neste último o cargo de vice-presidente.
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* Jornal do Advogado
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