Em evento realizado na OAB/DF, o criminalista Antônio Carlos de Almeira Castro, o Kakay, não economizou nas críticas à possibilidade de execução de pena após condenação em 2ª instância.
Kakay foi paraninfo em sessão de entrega de carteira a novos advogados. Em sua fala, destacou o grave momento que assola o país, com o Legislativo fragilizado, e o Executivo sem legitimidade, e que o vácuo abre espaço a um “Superpoder Judiciário”.
Ele criticou decisão da Suprema Corte de mudar a jurisprudência, dizendo tratar-se de “tentativa de fazer populismo judicial”, situação que agrava o problema no sistema prisional brasileiro.
“Na verdade, se esqueceram os ministros, ofuscados muitas vezes pelo excesso de mídia, que este julgamento propiciava que fossem levados para os cárceres brasileiros, em estado de putrefação - essa é a realidade - milhares e milhares da clientela tradicional do Direito Penal brasileiro, que é o negro, pobre, desassistido e o sem rosto.”
Poesia
Ao desejar aos novos causídicos boas-vindas à advocacia, Kakay também recitou poesia do poeta mineiro Altino Caixeta de Castro, chamada “Anti-soneto da não-matéria”:
Na não-matéria agora estou, e existo
O pensamento pensa o pensamento
A ostra pensa a pérola por dentro
Sou meu reverso espelho e me contristo.
Na não-matéria, muitas vezes, penso
Em ser matéria pura, ou ser um misto
Na não-matéria não consigo isto,
e já que não consigo, falo, invento.
E finjo ser figura e sombra e luz
E finjo pro meu povo que sou pus,
que sou um resto puro de alvorada.
Na não-matéria não se loga, é triste!
E a gente fica sendo, porque existe,
Vaga ilusão de ser, não sendo nada.