No mesmo dia em que encaminhou ao Supremo 83 pedidos de abertura de inquérito, o procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, agradeceu os colegas do MP e da força-tarefa da Lava Jato pelo "trabalho sobre-humano" desenvolvido com as 77 delações da Odebrecht e da Braskem.
Em carta interna, Janot afirma que as declarações revelam "os meandros da corrupção em nosso país de forma jamais imaginada". Ele também afirmou que os fatos relatados à Justiça mostram “uma democracia sob ataque e, em grande medida, conspurcada na sua essência pela corrupção e pelo abuso do poder econômico e político".
Janot aponta que o MP terá de enfrentar dois desafios institucionais: manter a imparcialidade diante dos embates políticos; e velar pela coesão interna.
"Não temos a chave mágica para a solução de todos os problemas revelados com a Lava Jato – especialmente agora, com a colaboração da Odebrecht –, mas, na parte que nos compete, asseguro a todos vocês que continuarei a conduzir o caso sob o viés exclusivamente jurídico, sob o compasso da técnica e com a isenção que se impõe a qualquer membro do Ministério Público."
Ele também destaca que "o trabalho desenvolvido na Lava Jato não tem e jamais poderia ter a finalidade de criminalizar a atividade política", e que as investigações representam uma oportunidade de depuração do processo político nacional.
"O sucesso das investigações sérias conduzidas pelo MPF até aqui representa uma oportunidade ímpar de depuração do processo político nacional, ao menos para aqueles que acreditam verdadeiramente que é possível, sim, fazer política sem crime e que a democracia não é um jogo de fraudes, nem instrumento para uso retórico do demagogo, mas um valor essencial à sociedade moderna e uma condição indispensável ao desenvolvimento sustentável do nosso país."
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