O Direito brasileiro perdeu hoje não um advogado qualquer. Perdeu um baluarte, um líder, um guia a ser seguido.
A tarde desta terça-feira, 24, enlutou a advocacia. Aos 65 anos, faleceu o advogado Arnaldo Malheiros Filho.
Ele estava internado no Hospital Sírio Libanês, em SP, e faleceu em decorrência de complicações de uma cirurgia. O velório será amanhã, a partir das 10h, no Cemitério e Crematório Horto da Paz (rua Horto da Paz, 191, Itapecerica da Serra, SP), onde ocorrerá a cerimônia de cremação às 12h.
Migalheiro de primeira hora, era um dos grandes apoiadores deste site, fato que muito nos honrava. Preocupado com o vernáculo, não raro nos puxava a orelha fazendo apontamentos e sugestões.
A alta Direção deste rotativo falou com ele a última vez no dia 26 de fevereiro. Na ocasião, enviamos encômios por uma entrevista que ele concedeu a uma emissora de televisão. No seu melhor estilo, respondeu-nos dessa forma: "Muito obrigado pela gentilíssima mensagem, coisa de verdadeiro amigo. É um afago na refrega e no ego também."
Unia-nos a amizade ao velho colega das Arcadas, Clóvis Caparaó. Quando de seu falecimento, em 2003, Arnaldo Malheiros Filho enviou a seguinte mensagem:
"Com Clóvis de Caparaó (Migalhas n°751 – 28/8/03 - Morreu "Caparaó") vai-se embora um pedacinho do Largo de São Francisco, naquilo que a Academia tem de melhor: Uma inteligência fulgurante abrigada num espírito inquieto, inconformado e incapaz de concessões ao convencional. Faltam-me palavras para descrever essa singularíssima figura, tão marcante para as turmas que passaram pelo Largo na segunda metade da década de 60 e na primeira da de 70. Seu desempenho na docência, fazendo com que deixe lembranças caras em tantos alunos, as alturas a que elevou a Faculdade de Direito de Franca, mostram que a centelha que todos viam no estudante era a do bom fogo. Muita saudade..." Arnaldo Malheiros Filho
Unia-nos a devoção ao mestre Goffredo da Silva Telles. Unia-nos, sobretudo, a defesa do Estado de Direito.
E como foi profícua, para nós, essa união. Quanto aprendemos com ele!
Fica-nos a saudade. A saudade da inteligência viva, aguçada. Da gentileza, do respeito.
Aos familiares enlutados, em especial ao querido pai, dr, Arnaldo Malheiros, enviamos nosso fraternal abraço.
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Em entrevista à TV Migalhas em 2006, Arnaldo Malheiros Filho falou da importância dos advogados estarem vigilantes nas CPIs. Veja o vídeo:
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Bacharel em Direito pela USP, turma de 1972, realizou pós-graduação em Direito Penal e Processo Penal (USP, 1974).
Malheiros foi conselheiro e diretor da Associação dos Advogados de São Paulo de 1979 a 1983. De 1993 a 1994, foi conselheiro Federal da OAB. Era presidente do Conselho Deliberativo do Instituto de Defesa do Direito de Defesa - IDDD. Também atuou como orientador acadêmico e professor de Direito Penal Econômico no crso de especialização da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas.