Fazenda cobrará dívida em cartório
Contribuinte com débito entre R$ 1 mil e R$ 10 mil será levado a protesto, e terá seu nome no SPC e Serasa
Segundo a PGFN, essas dívidas – normalmente de impostos – somam R$ 5,5 bilhões e a expectativa do governo é recuperar pelo menos 50% desse total. Os cartórios são mais otimistas e acreditam que o sistema pode levar de volta aos cofres públicos 80% desse valor.
Até hoje, esses débitos não eram cobrados após serem inscritos na Dívida Ativa porque a PGFN priorizava a cobrança judicial dos grandes débitos e os custos para cobrar na Justiça essas pequenas dívidas não compensavam o retorno.
COMODISMO
Segundo o procurador-geral da Fazenda Nacional, Manoel Felipe Brandão, esse procedimento deixava o contribuinte numa situação de comodismo, porque sua inscrição na Dívida Ativa só provocava transtornos se ele fosse ter algum relacionamento com o Estado, como fazer um concurso público ou participar de uma licitação.
“E normalmente eles não têm necessidade de regularizar sua situação”, explicou Brandão, acrescentando que a maior parte do grupo de devedores é de pessoas jurídicas.
Agora, ao ter sua dívida com a União protestada em cartório,o contribuinte passará a ter transtorno também nos negócios privados, pois os cartórios não mais emitirão certidões negativas de débitos e informarão os serviços de proteção ao crédito (SPC, Serasa).
Ao criar esse constrangimento, a expectativa é de que o contribuinte regularize a sua situação com o governo. Ele afirmou que o Estado de São Paulo adotou esse procedimento e obteve “bons resultados”.
Brandão explicou que existe hoje 1,4 milhão de devedores de pequeno porte inscritos na Dívida Ativa. Segundo ele, em até um ano e meio todos eles deverão ser protestados em cartório.
Após o protesto, o procurador-geral acredita que a recuperação do débito será rápida. “Segundo os cartórios, ao receber a carta sobre o protesto o devedor normalmente regulariza a situação”, afirmou.
Ele disse que o custo da operação para a PGFN será zero, pois os cartórios cobrarão dos devedores a taxa pelo procedimento. “É um sistema eficaz e barato. Foi uma fórmula de cobrar os débitos pequenos sem gastar dinheiro”, afirmou o procurador.
Questionado se havia preocupação de ações judiciais de contribuintes reclamando do protesto em cartório, Brandão disse que a experiência paulista mostra que isso deve ocorrer em pequena quantidade. “Certamente haverá questionamentos, mas a relação custo/benefício vale a pena.”
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Fonte: O Estado de S.Paulo