Por unanimidade, o Conselho de Ética do Senado aprovou ontem, 8, a abertura de processo administrativo disciplinar contra Demóstenes Torres. O senador goiano foi acusado em representação do PSOL de ter quebrado o decoro parlamentar por manter estreitas relações com o contraventor Carlos Cachoeira, preso desde fevereiro sob a acusação de crimes como exploração de jogos ilegais e corrupção.
Em seu relatório recomendando a abertura do procedimento administrativo, o senador Humberto Costa alegou que Demóstenes "faltou com a verdade" ao afirmar, em discurso no Plenário, que só mantinha relações pessoais com Cachoeira e que militou contra a legalização de jogos de azar no país.
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, representante do senador Demóstenes Torres, chegou a pedir mais dez dias úteis a fim de preparar a defesa do parlamentar, sob a alegação de que o relatório preliminar de Humberto Costa trouxe fatos novos sobre os quais não teve tempo nem direito de se manifestar.
O pedido foi negado pelo presidente do Conselho de Ética, Antônio Carlos Valadares. Ele lembrou que o relatório não é peça acusatória, mas "etapa preliminar que aprecia indícios de práticas de atos que possam sujeitar o representado a perda de mandato". Valadares ressaltou que, instaurado o processo, Demóstenes poderá apresentar novas argumentações.
O Conselho de Ética volta a se reunir amanhã para deliberação de requerimentos, entre eles, um defendido por Humberto Costa para ouvir o contraventor Carlos Cachoeira no dia 17/5.