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Tragédias – Precedentes - Comparações

A imprensa não questiona, mas é bem o momento de cobrar: onde estão os diretores?

22/2/2019

Em 2010, a explosão da plataforma da British Petroleum, nos EUA, causou mudanças normativas no país, além de gerar diversos processos judiciais que culminaram em gastos bilionários para a companhia. A tragédia americana deixou 11 mortos e 507 milhões de litros de petróleo derramados. Em Brumadinho, foram 310 mortos, e 11,7 bilhões de litros de rejeito. Lá nos EUA, regras rígidas impuseram indenizações de US$ 65 bi. Aqui, o presidente da Vale, Fábio Schvartsman, tem a insolência de dizer que a empresa "é uma joia brasileira, que não pode ser condenada por um acidente que aconteceu em sua barragem".

Não vale

Quando daqui a algumas décadas forem contar como foi o assassinato de centenas de pessoas em Brumadinho, uma coisa ficará registrada: este informativo não se enrolou na lama que está toldando as pessoas. Com efeito, ontem diversos veículos de imprensa publicaram uma página inteira paga, na qual a Vale, em informe publicitário, jactava-se de ter fechado um acordo "sem precedentes" com os moradores da região. A empresa distribui migalhas para os ribeirinhos, e provavelmente gastou mais dinheiro com a publicidade da esmola do que com as indenizações. Isso como se não fosse obrigação dela reparar as vidas que perturbou. Mas o fato grave é que a consequência dessa aquisição editorial foi que não houve letra de forma a esquadrinhar esse tal acordo, mostrando os absurdos, estes sim "sem precedentes". Trata-se, ninguém duvide, de mero estratagema para olvidar o que realmente importa, que é a negligência de uma empresa que sabia dos riscos e, em troca do ganho, resolveu arriscar. A imprensa não questiona, mas é bem o momento de cobrar: onde estão os diretores? Quem era responsável por aquela mina? Quem recebeu os informes da situação periclitante e não fez nada? 


(Estado de S. Paulo)

 


(O Globo)

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