E falando em tempos de eleições, perdão, direita e esquerda, tenho dizer:
O perdão é um sentimento tão poderoso como o amor. Só quem ama plenamente pode chegar a este patamar. Platão dizia que o homem, ao se olhar no espelho, veria uma criatura maligna e horrível. A filosofia, a arte, e a poesia, tornam o homem espiritual e o insere na história.
O encontro consigo mesmo: uma possível leitura da alma na linha digital do tempo e por ele é, através deste, espaço tempo, tornar-se o homem quem já é, no coração. Opinar e se expor, opinar politicamente atrai o ódio. O advogado não pode olhar o réu. O mesmo direito de defesa que cabe a um, cabe a outro.
A liberdade que cabe a um cabe ao outro.
O leitor, o ouvinte, não está acostumado a franqueza com que lhe exponho e realço a minha visão. Quem é livre vê e fala. Nada teme de medíocres e bajuladores. Advirto que a franqueza é a primeira virtude de um defunto. Sim, o homem se enterra ao falar o que pensa. Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obriga a gente a calar. Temos que nos contentar com o antigo e os trapos velhos, a disfarçar os rasgões na alma e os remendos na nossa história. Nem um lado nem outro olhou por nossa pátria e amargamos cinquenta anos de atraso. Tudo que é novo assusta.
Ao não estender ao mundo as revelações que faz à alma e o coração bater, ele para de bater, e perdemos o senso de pertencer. A maior fé, e a maior revelação é a consciência. E se não pertencemos a corrupção impera e a pátria sangra. Mas na morte me liberto, que diferença! que desabafo! Vou sacudir fora a capa, retirar as máscaras e desfazer o " pacto de mediocridade". Vestir a toga é buscar justiça. Vou deitar ao fosso das lantejoulas, apagar a vela despregar, despintar, desafeitar. Ao final me desconstruo com sofrimento todos os dias para seguir vivendo.