Migalhas de Peso

Justiça e hipocrisia

Caiu como uma bomba a prisão de altos empresários ligados à Schincariol. Afinal, trata-se de gente conhecida, domicílio certo e a detenção necessária, poderia a seguir ser revogada, com o compromisso de ninguém fugir do país.

24/6/2005

Justiça e hipocrisia


Lázaro Piunti*

Caiu como uma bomba a prisão de altos empresários ligados à Schincariol. Afinal, trata-se de gente conhecida, domicílio certo e a detenção necessária, poderia a seguir ser revogada, com o compromisso de ninguém fugir do país. O confisco do passaporte seria o suficiente. Ademais, é gente brasileira, que sequer reagiu à ação policial.

Manter os empresários presos, prejudica sem dúvida a atividade das empresas e ninguém quer ver mais desemprego, especialmente num momento grave como o atual.

Mas nem tanto ao mar e tanto à terra!

A Schincariol tem problemas com o Fisco e não é de hoje. Não há, em Itu, quem ponha a mão no fogo, para inocentá-la como sonegadora e das grandes.

Afinal, ninguém fica rico da noite para o dia e, respeitada a figura legendária do saudoso Primo Schincariol, o patriarca da família que trabalhou honestamente por mais de 40 anos, para gerar sua fábrica de tubainas, o crescimento espantoso da cerveja em pouco mais de dez anos não deve ser repetição milagrosa do maná caindo dos céus.

Do ponto de vista jurídico, a Polícia Federal esta protegida, pois agiu com autorização da Justiça.

Ainda assim, o elitismo caboclo se insurge! Mas finge desconhecer os demandos policiais, quando uma casa humilde da periferia, seja até mesmo de um trabalhador de carteira assinada, acaba sendo invadida sem qualquer ordem judicial, ante a simples suspeita de guarda de algum naco de maconha. Nem mesmo o Comitê de Apoio às Vítimas de Violência de Itu, nessa hora, é lembrado pelos “guardiães da moralidade pública”- muito ocupados em tratar de outros interesses... menos humanos.

Não concordamos com a prisão dos executivos da Schincariol, ainda que não se duvide da prática criminosa da sonegação fiscal continuada.

Discordamos ainda, porque existe no mercado poderosos grupos concorrentes, que estarão se beneficiando desse triste cenário e, nesse aspecto, o zelo pelo patrimônio nacional deveria ter sido levado em conta.

Tenho declarado que: “A violência é filha da corrupção e o sonegador é o pai.”

Quem sonega, com os exageros pitorescos de Itu, precisa ser punido, mas que se faça no estrito cumprimento da lei.

O sensacionalismo não condiz com a seriedade esperada da justiça.

Mas, cá entre nós, como dói ver tantos empresários – brasileiros ou não – sonegando bilhões de impostos, enquanto escasseiam os recursos para se construir mais escolas, mais creches, cursos profissionalizantes e mais geração de emprego.

Que fazer, quando a maioria desconhece que a Fundação do Bem Estar do Menor é o nome completo da abjeta sigla conhecida como “FEBEM”???
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*Advogado, membro da Academia Cristã de Letras e foi quatro vezes Prefeito de Itu






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