Lavagem do Bonfim – Devoção e Fé
A festa acontece com a saída, pela manhã, do tradicional cortejo de baianas da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, o qual segue a pé até o alto do Bonfim, para lavar com vassouras e água de cheiro as escadarias e o átrio da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim. É este o ponto alto do evento: cerca de 200 baianas vestidas a caráter despejam água nas escadarias e no átrio da igreja, ao som de palmas, toque de atabaque e cânticos de origem africana. Terminada a parte religiosa, a festa continua no largo do Bonfim, com batucadas, danças e barracas de bebidas e comidas típicas.
O cortejo reúne, anualmente, milhares de fiéis de diferentes religiões - católica, umbanda e candomblé - em busca da proteção das águas perfumadas para limpeza do corpo e da alma. É uma celebração importante para os baianos, pois demonstra a devoção e a fé que eles tem no Senhor do Bonfim.
Origem do culto
Nosso Senhor do Bonfim já era venerado na cidade portuguesa de Setúbal desde a idade média. De acordo com o historiador Luis Henrique Dias Tavares, no livro História da Bahia, o culto foi trazido para Salvador em 1740, pelo capitão de mar-e-guerra Teodósio Rodrigues de Faria, em cumprimento a uma promessa. Durante uma tempestade, o navio do capitão ficou sem rumo e ele rogou a Senhor do Bonfim que o salvasse. Em pagamento da graça alcançada, encomendou uma imagem do santo em cedro, medindo 1,06 metro de altura, cópia do crucificado da igreja de Setúbal.
Nesse mesmo ano foi fundada a irmandade do Senhor do Bonfim e em 1745 teve início a construção de uma capela na colina de Mont Serrat. Nove anos depois foi inaugurada a igreja de Nosso Senhor do Bonfim, com uma grande festa promovida pelo capitão. Em 1804, ele conseguiu do Papa Pio VII a instituição da devoção ao Senhor do Bonfim, no segundo domingo após a festa de Reis.
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