Migalhas Quentes

Chacina de Unaí permanece sem definir culpados após 4 anos

29/1/2008


Chacina
de Unaí

Crimes permanecem sem definir culpados após 4 anos

No dia 28 de janeiro de 2004, a cidade de Unaí/<_st13a_personname productid="em Minas Gerais" w:st="on">MG, foi palco de um dos mais bárbaros atos contra o combate pelo Estado à supressão de direitos trabalhistas no Brasil. Naquela ocasião, três Auditores Fiscais do Trabalho e um motorista foram executados a tiros por pistoleiros.

Os auditores fiscais João Batista Soares Lage, 50, Eratóstenes de Almeida Gonsalves, 42, Nelson José da Silva, 52, e o motorista da então Delegacia Regional do Trabalho Aílton Pereira de Oliveira, 51, foram assassinados em um trevo conhecido como Sete Placas, na rodovia MG-188, que dá acesso aos municípios de Unaí, Bonfinópolis de Minas e Paracatu. Eles participavam de uma fiscalização regular em fazendas de plantação de feijão no município.

O inquérito na Justiça afirma que a motivação do crime foi o incômodo provocado pelas insistentes multas impostas pelos auditores. Nelson José da Silva seria o alvo principal, tendo aplicado cerca de R$ 2 milhões em infrações à fazenda dos Mânica por descumprimento de leis trabalhistas.


Cruzes fincadas na Fazenda Bocaina marcam o local onde três fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho foram assassinados

Também respondem processo os pistoleiros Erinaldo de Vasconcelos Silva, Rogério Alan Rocha Rios e William Gomes de Miranda; o suposto contratante dos matadores, Francisco Élder Pinheiro e os supostos intermediários Humberto Ribeiro dos Santos, Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro.

Sucessivos recursos

Uma força-tarefa que investigou o crime apontou os irmãos Norberto e Antério Mânica, grande produtores de grãos da região, como mentores da chacina. No entanto, os Mânica e outros dois acusados de participarem do assassinato obtiveram habeas-corpus e respondem ao processo <_st13a_personname productid="em liberdade. Cinco" w:st="on">em liberdade. Cinco homens, entre eles dois pistoleiros, permanecem presos. Nenhum dos acusados foi ainda julgado pela Justiça.

Uma sentença da Justiça Federal, em dezembro de 2004, decidiu levar a júri popular os acusados da chacina. De todos, somente o acusado Antério Mânica, atual prefeito de Unaí, tem direito a foro privilegiado. Desde então, os acusados apresentam sucessivos recursos com o objetivo de protelar o julgamento. Até agora, todos os recursos apresentados ao TRF da 1ª Região foram negados.

Ato de protesto

Familiares, amigos, auditores fiscais e trabalhadores cobram agilidade no julgamento dos acusados e exigem a punição dos culpados. O Sindicato dos Auditores Fiscais do Trabalho, aliado a movimentos sociais ligados ao campo, está organizando manifestações para esta segunda-feira, protestando pela demora no julgamento dos acusados. A entidade, <_st13a_personname productid="em Nota Pública" w:st="on">em Nota Pública, condena a demora na punição dos culpados e pede celeridade ao caso.


Sindicato dos Auditores Fiscais do Trabalho faz manifestação contra impunidade no caso da chacina

O Sindicato dos Auditores Fiscais do Trabalho em Goiás - Sindafit e a Associação dos Servidores do Ministério do Trabalho em Goiás - Asmitego realizam na segunda-feira, 28/01, às 8h30, no auditório da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais um Culto Ecumênico lembrando o assassinato. As duas entidades estão colhendo assinaturas em um abaixo-assinado que será encaminhado ao Ministério da Justiça, a fim de que seja realizado o julgamento dos assassinos da chacina de Unaí.

Cronologia dos fatos

Três auditores fiscais do MTE, Nelson José da Silva, João Batista Lages, Erastótenes de Almeida Gonçalves, e o motorista que os acompanhava, Aílton Pereira de Oliveira, são assassinados em uma emboscada no município de Unaí/MG, durante uma fiscalização de rotina em fazendas da região.

O inquérito que apurava a chacina de Unaí é encerrado pela Polícia Federal.

MPF denuncia à justiça oito envolvidos na chacina de Unaí.

MPF denuncia à justiça oito envolvidos na chacina de Unaí.

MPF inclui Antério Mânica na denúncia contra os envolvidos na chacina como mandante do crime, ao lado do seu irmão Norberto Mânica. Ele permaneceu na prisão por 19 dias e conseguiu liberação por hábeas corpus para concorrer às eleições municipais.

Antério Mânica é eleito prefeito de Unaí/MG, o que lhe garante foro privilegiado.

Juiz Francisco de Assis Betti, da 9ª Vara da Justiça Federal de Belo Horizonte, publica Sentença de Pronúncia autorizando o julgamento dos réus, com exceção de Humberto Ribeiro dos Santos. Desde então, a defesa vem adiando o julgamento através da apresentação de sucessivos recursos.

O processo sobre para o TRF da 1ª Região em Brasília quando os acusados entram com pedido de anulação da Sentença de Pronúncia. Começa aí a apresentação de uma série de recursos que vem protelando a marcação do julgamento.

STF concede habeas corpus a Norberto Mânica.

Congresso Nacional aprova indenização no valor de R$ 200 mil para cada família dos servidores mortos, e concede aos dependentes matriculados no ensino fundamental uma bolsa especial até os 18 anos, e uma bolsa universitária até os 24 anos.

O TRF 1ª Região negou o pedido de anulação da Sentença de Pronúncia e confirmou que oito réus irão a júri popular.

STJ concede habeas corpus a Norberto Mânica, que deixa a prisão.

TRF da 1ª Região em Brasília mantém a competência do julgamento com a 9ª Vara da Justiça Federal de Belo Horizonte, negando pedido de Norberto Mânica para que seu julgamento acontecesse em Patos de Minas, próximo a Unaí.

SINAIT e AAFIT/MG, apoiados por dezenas de entidades e instituições fazem manifestação por Justiça, marcando os três anos do assassinato, sem punição dos culpados.

O caso não teve avanços processuais significativos e permanece no TRF da 1ª Região, <_st13a_personname productid="em Brasília. O SINAIT" w:st="on">em Brasília. O SINAIT e a AAFIT/MG tiveram audiências com autoridades, que confirmaram que ainda existem vários recursos dos acusados, que impedem o retorno do processo a Minas Gerais, para que o julgamento seja marcado.

O crime completa quatro anos, sem que nenhum dos nove envolvidos tenha sido julgado e punido pela morte de quatro servidores do Ministério do Trabalho e Emprego.

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Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - Brasília/DF
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