Uma audiência virtual virou quase um episódio de sitcom quando o juiz percebeu que o advogado e o preposto, supostamente em locais separados, estavam, na verdade, na mesma sala. Ao ser confrontado, o advogado negou com a confiança de quem acha que a câmera só foca da cintura pra cima. No entanto, ao ser pressionado a mostrar o ambiente, o preposto, num ato digno de cena pastelão, simplesmente pulou para debaixo da mesa.
O show todo começou com o juiz Thiago Mira de Assumpção Rosado, que, com olhos de águia, notou que as janelas ao fundo do advogado e do preposto eram idênticas, o que acendeu a suspeita: será que estavam no mesmo local? O advogado, mantendo a pose, negou e até inventou uma história criativa de que o preposto estaria em um andar inferior.
Mas o juiz, não convencido, pediu um tour pela sala. O advogado, nervoso, tentou fazer uma meia-volta discreta com a câmera, mostrando só o que interessava. Só que o magistrado, implacável, exigiu uma visão de 360 graus. Foi aí que o preposto, claramente com um futuro em filmes de comédia, surgiu rastejando para debaixo da mesa, em uma tentativa desesperada (e malsucedida) de não ser descoberto.
O advogado estava contestando as verbas rescisórias de R$ 20 mil, solicitadas pela autora. No entanto, ao tentar esconder o preposto, ele mesmo virou o protagonista de uma cena digna de pegadinha de TV. Na tentativa atrapalhada de evitar supostas nulidades processuais, acabou gerando um momento tragicômico que certamente será lembrado por todos os envolvidos!
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A cena gerou risadas da autora do processo e de seu advogado, mas o juiz, indignado, classificou o comportamento como desrespeitoso e anunciou que notificaria a OAB/PR para que o caso fosse investigado.
Em nota, o TRT/PR realta a insólita situação:
"TRT-PR informa que a audiência de instrução citada ocorreu nesta quinta-feira (24) na 18ª Vara do Trabalho de Curitiba.
A primeira pessoa ouvida pelo juiz Thiago Mira de Assumpção Rosado foi a autora da ação trabalhista. Na sequência, foi ouvido o preposto e sócio da empresa.
Ao desconfiar de que o preposto estaria na mesma sala do advogado, o magistrado solicitou que fosse girada a câmera para verificação, quando evidenciou-se a presença do preposto no mesmo ambiente ao se esconder embaixo de uma mesa, tendo assim a possibilidade de ter ouvido o depoimento da autora, o que contraria os dispositivos legais.
Diante do fato, o juiz suspendeu a audiência e vai programar os depoimentos das testemunhas da ação em data futura, de maneira presencial. Nos próximos dias, o magistrado deve oficiar formalmente à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para que apure a conduta do advogado, que tentou ludibriar o magistrado e, consequentemente, a Justiça do Trabalho no Paraná."
A OAB/PR informou que recebeu o vídeo pela imprensa e que não compactua com nenhum tipo de falta de ética e abuso de direitos no exercício profissional.
"A OAB Paraná não compactua com nenhum tipo de falta de ética e abuso de direitos no exercício profissional e apurará o caso exemplarmente, de modo a proteger o bom nome da advocacia, punindo qualquer tipo de desvio da ética, do decoro e da legalidade, dentro dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório."