Migalhas Quentes

Juíza anula sentença arbitral em contrato de locação do Quinto Andar

Decisão reconheceu abuso na imposição de arbitragem compulsória, que culminou em pedido de despejo.

9/9/2024

A juíza de Direito Larissa Gaspar Tunala, da 1ª vara empresarial e de conflitos de arbitragem, anulou uma cláusula compromissória e o respectivo procedimento arbitral em um caso de locação pela plataforma Quinto Andar. A decisão reconheceu a vulnerabilidade da parte locatária e a ausência de consentimento para a utilização da arbitragem, resultando na nulidade do processo arbitral que culminou no pedido de despejo.

O que é cláusula compromissória? 
A cláusula compromissória é uma disposição contratual que obriga as partes a resolver eventuais litígios por meio de arbitragem.

O caso envolve um contrato de locação intermediado por empresa de tecnologia que atua no mercado imobiliário. O contrato, que incluía uma cláusula compromissória de arbitragem, impôs que qualquer disputa fosse resolvida exclusivamente por câmaras arbitrais indicadas pela empresa.

A locatária, no entanto, alegou que não teve a oportunidade de compreender a cláusula arbitral ou de negociar suas condições, sendo surpreendida com o processo de arbitragem após a ocorrência de inadimplência.

A arbitragem foi conduzida de maneira eletrônica, sem que a locatária tivesse a chance de purgar a mora ou se defender adequadamente, o que levou à decisão judicial de despejo.

Magistrada anula cláusula arbitral e procedimento em caso de despejo.(Imagem: Reprodução/Quinto Andar)

A juíza entendeu que a arbitragem foi imposta de forma abusiva, em um contrato de adesão, sem que houvesse a devida compreensão ou concordância por parte da locatária.

A decisão destacou que, embora a arbitragem seja válida em contratos de natureza comercial, a imposição compulsória em um contexto de vulnerabilidade do locatário, sem possibilidade de escolha, é contrária ao CDC e à legislação de arbitragem (lei 9.307/96).

A magistrada também ressaltou que, em casos de despejo, o direito de moradia deve ser protegido, e o processo judicial é a via adequada para discutir esse tipo de demanda, especialmente quando a cláusula compromissória foi inserida de forma abusiva.

Assim, declarou nula a cláusula compromissória e, por consequência, o procedimento arbitral que culminou no pedido de despejo.

Atuou em defesa dos executados o advogado Vinicius Jonathan Caetano.

Veja a decisão.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Juiz de SP anula despejo ordenado por arbitragem e aplica CDC ao caso

26/7/2024
Migalhas de Peso

Os contratos de locação na era digital

18/6/2019
Migalhas Edilícias

Cinco questões jurídicas sobre o app Quinto Andar

21/2/2019

Notícias Mais Lidas

Juíza compara preposto contratado a ator e declara confissão de empresa

18/11/2024

Escritórios demitem estudantes da PUC após ofensas a cotistas da USP

18/11/2024

PF prende envolvidos em plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

19/11/2024

Moraes torna pública decisão contra militares que tramaram sua morte

19/11/2024

TRT-15 mantém condenação aos Correios por burnout de advogado

18/11/2024

Artigos Mais Lidos

ITBI na integralização de bens imóveis e sua importância para o planejamento patrimonial

19/11/2024

Cláusulas restritivas nas doações de imóveis

19/11/2024

Quais cuidados devo observar ao comprar um negócio?

19/11/2024

Estabilidade dos servidores públicos: O que é e vai ou não acabar?

19/11/2024

A relativização do princípio da legalidade tributária na temática da sub-rogação no Funrural – ADIn 4395

19/11/2024