Migalhas Quentes

Candidato excluído por heteroidentificação deve assumir cargo no TJ/MG

Por meio das fotografias do homem, juiz concluiu que candidato possui "traços inconfundíveis da cor parda".

9/8/2024

Candidato ao cargo de analista judiciário do TJ/MG, eliminado do concurso por não ser considerado pardo pela banca examinadora, poderá ter sua colocação na modalidade de cotas, além de sua nomeação e posse no cargo público.

A sentença foi redigida pela juíza leiga Natalia Toledo Luz e homologada pelo juiz de Direito Marco Antônio da Silva, ambos da 1ª Unidade Jurisdicional da Fazenda Pública de Belo Horizonte/MG, que considerou que o homem tem "traços inconfundíveis da cor parda".

O candidato alegou que, após realizar o procedimento presencial de heteroidentificação, teve sua autodeclaração de negro/pardo negada pela comissão examinadora.

Afirmou que interpôs recurso administrativo, mas a banca reiterou o indeferimento da autodeclaração, impedindo sua classificação e convocação.

Diante disso, o candidato precisou ingressar na via judicial em busca de ter a heteroidentificação reconhecida.

Juiz de MG determinou nomeação e posse de candidato excluído de concurso por não ser considerado pardo.(Imagem: Freepik)

De acordo com o advogado Daniel Assunção, responsável por representá-lo, não houve qualquer justificativa ou embasamento para rejeitar a autodeclaração do candidato.

Em análise dos autos, a magistrada observou que as fotografias do homem anexadas ao processo corroboram a identidade racial declarada pelo candidato.

“Da análise [delas], não se pode concluir imediatamente pela condição de branco do candidato, pois ele apresenta traços inconfundíveis da cor parda, como a textura dos cabelos e o tom de pele.”

Além disso, o juiz destacou que o STF já se manifestou no sentido de que, havendo dúvida razoável sobre o fenótipo, deve prevalecer o critério de autodeclaração da identidade racial.

Diante dos argumentos, o magistrado determinou que o Estado de Minas Gerais e a banca reconheçam o candidato como negro/pardo, viabilizando sua colocação alcançada para o cargo de analista judiciário na modalidade de cotas, com o efetivo direito de nomeação e posse, e com todos os direitos inerentes ao cargo.

Leia a decisão.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

TJ/SP decide reintegrar candidato eliminado por heteroidentificação

5/8/2024
Migalhas de Peso

Dilema racial brasileiro e falhas nos procedimentos de heteroidentificação

14/3/2024
Migalhas Quentes

Candidato pardo eliminado em heteroidentificação seguirá em concurso

13/3/2024

Notícias Mais Lidas

Juíza extingue ação em que advogado foi contratado apenas pelo WhatsApp

10/8/2024

Advogada que morreu em queda de avião dava dicas sobre ações aéreas nas redes sociais

10/8/2024

Entidades lamentam queda de avião; advogados e estagiário são vítimas

10/8/2024

Advogados defendem uso da IA no dia a dia: "é caminho sem volta"

12/8/2024

Casal que adotou irmãos e devolveu menina é condenado em R$ 10 mil

12/8/2024

Artigos Mais Lidos

A entrada em vigor da lei 14.879/24 e a limitação das cláusulas de eleição de foro judicial em contratos

10/8/2024

SAF - O novo regime societário para clubes de futebol

10/8/2024

Os riscos ocultos nos acordos de precatórios: Entenda o edital PGE 1/24

12/8/2024

PLP 108/24: Mudanças na tributação do ITCMD e impactos para planejamento patrimonial e sucessório

11/8/2024

Arrematação de direitos aquisitivos: Implicações jurídicas e regularização

12/8/2024