No próximo dia 20/7, o Estatuto da Igualdade Racial completa 14 anos de vigência. Instituído pela lei 12.288/10, a iniciativa trouxe uma série de iniciativas para, segundo o artigo 1º, "garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica".
Quase uma década e meia depois, os desafios no país para a população negra ainda permanecem, principalmente a inclusão no mercado de trabalho para a criação de planos de carreira e os cargos de gestão e de liderança. A boa notícia é que desde a implantação do Estatuto da Igualdade Racial empresas dos mais variados ramos, tanto no setor público como no privado, têm investido em iniciativas para dar mais oportunidades a profissionais pretos e pardos.
Tradicionalmente um mercado que carecia de representatividade, a advocacia tem apresentado índices de melhora ao longo dos últimos anos. De acordo com o Ceert - Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades, da Aliança Jurídica pela Equidade Racial, em 2022 a presença de advogados negros e pardos nas grandes bancas de São Paulo foi de 11%, ante apenas de 1% registrado em 2019.
Iniciativa de sucesso
Iniciado há seis anos no Martorelli Advogados, escritório com sede em Recife e filiais em Maceió, São Paulo, Salvador, São Luís e Teresina, o programa "Igual por Direito" tem consolidado a tendência do mercado jurídico, alavancando as oportunidades para advogados e estagiários pretos e pardos ingressarem na advocacia empresarial. "Atualmente, nosso escritório tem 44% de todo time entre pretos (10%) e pardos (34%)", explica Gilberto Guedes, advogado, sócio e membro do Comitê de Diversidade, Inclusão e Compromisso Social do escritório.
Atualmente com foco na contratação de estagiários pretos e pardos, os profissionais oriundos do programa "Igual por Direito" representam, neste ano de 2024, um total de 12% da equipe. "Deste número, cerca de 43% são de estagiários, sendo que os outros 57% são de advogados, assistentes e colaboradores de outras áreas”, explica o advogado. “De 2018 até este ano, nosso programa já deu oportunidades a 114 pessoas, sendo 38 estagiários", completa Guedes.
"Mais do que dar oportunidades de estágio a esses estudantes, o programa "Igual por Direito" visa também ampliar a diversidade dentro do escritório como fator fundamental para uma boa relação dentro do ambiente de trabalho e na prestação de serviços a nossos clientes, além de trazer novas visões e perspectivas não somente da advocacia, mas do mundo e da sociedade como um todo", enfatiza Guedes.
Segundo o profissional, o sucesso do programa se reflete nas ações e nos comportamentos que estudantes ou recém-formados adotam após serem efetivados. "É gratificante ver o crescimento dessas pessoas e o comprometimento delas com nossos princípios. Temos casos hoje no escritório de ex-estagiários do "Igual por Direito" que fazem parte do quadro de advogados e que se tornaram verdadeiros porta-vozes da iniciativa, incentivando outros estudantes a lutarem pelas mesmas oportunidades que tiveram", finaliza o advogado e sócio Gilberto Guedes.
O programa "Igual por Direito" do Martorelli Advogados, que abre oportunidades de estágios para estudantes pretos e pardos, recebe currículos por meio do e-mail.