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Hacker da Lava Jato fez alvará falso para soltar condenado a 200 anos

PGR apresentou denúncia contra ele e Carla Zambelli por invasão no sistema do CNJ.

24/4/2024

Walter Delgatti, conhecido como “hacker da Lava Jato”, inseriu no sistema da Justiça um falso alvará de soltura que poderia ter beneficiado um condenado a mais de 200 anos de prisão.

A informação consta em denúncia da PGR que tem como alvos o hacker e a deputada Federal Carla Zambelli, por invasão no sistema do CNJ. A deputada é apontada como “autora intelectual” das invasões.

PGR denuncia hacker Walter Delgatti por invasão aos sistemas do CNJ.(Imagem: Gabriela Biló/Folhapress)

A invasão é a mesma em que foi inserido, no sistema do CNJ, um falso mandado de prisão de Alexandre de Moraes contra ele próprio.

Segundo a denúncia, Walter Delgatti, com anuência e sob o comando de Carla Zambelli, teria usurpado a assinatura juízes para incluir vários alvarás de soltura nos sistemas do CNJ.

Um desses documentos permitia a soltura de Sandro Silva Rabelo, sentenciado a 200 anos de reclusão. Os alvarás produzidos pelo “hacker” passaram a figurar tanto no SEEU – Sistema Eletrônico de Execução Unificado, quanto no BNMP - Banco Nacional de Mandados de Prisão.

“O alvará poderia ter alcançado o efeito da soltura de sentenciado a duas centenas de anos de reclusão."

De acordo com o G1, o condenado é conhecido como Sandro Louco, é integrante da facção criminosa Comando Vermelho e está preso no MT com 15 condenações por homicídio, latrocínio e roubo. Ele segue preso.

Hacker criou falso alvará de soltura a "Sandro Louco", condenado a mais de 200 anos.(Imagem: Reprodução/Youtube)

Denúncia

Segundo o órgão, Delgatti invadiu o SAJ – Sistema de Automação Judiciária, "de maneira livre, consciente e voluntária, sob comando da sra. Carla Zambelli" nos dias 4 e 5 de janeiro de 2023, “evidentemente” sem consentimento de autoridade legítima.

Além das solturas, Delgatti teria incluído requisição de afastamento de sigilo bancário de Alexandre de Moraes. A área técnica do CNJ esclareceu que, embora o sistema seja mantido pelo Banco Central do Brasil, o fluxo de autenticação e autorização está integrado ao sistema de login único do CNJ.

“Faz o L”

Ainda segundo a denúncia, em 19 de janeiro de 2023, Walter Delgatti invadiu sistema secundário do CNJ, denominado GitLab, que equivaleria a uma "biblioteca" de programas e projetos, servindo para consulta de programadores do Judiciário. O objetivo da invasão seria criar descrédito nos programas.

Ao se apossar do sistema, o denunciado teria lançado a seguinte mensagem, para aparecer na tela dos monitores:

“AHAHAHAH ISSO QUE DAR FAZER O L E APOIAR A ASCENSÃO DA REPÚBLICA COMUNISTA DO XANDAQUISTÃO. PERDERAM TUDO, TODOS OS BANCOS. VCS SÃO NOOB HEIN”

Segundo o documento da PGR, Delgatti e Zambelli buscavam "obter vantagem de ordem midiática e política" por meio de um "projeto de desmoralização do sistema de Justiça". O órgão aponta que o objetivo era causar danos ao funcionamento do Judiciário, causando desconfiança por parte da população.

A PGR diz que o movimento é semelhante ao que foi feito contra as urnas eletrônicas. Pede, por fim, a condenação pela prática dos crimes de invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica em coautoria, com aumento de pena, e fixação de valor para reparação dos danos causados.

Leia a denúncia completa.

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