Em 2024, olhando para trás, os eventos de 14 de novembro de 2018 na Justiça Federal de Curitiba ainda reverberam no cenário político brasileiro. Naquele dia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrentou seu terceiro interrogatório relacionado à Operação Lava Jato, desta vez focado nas acusações no caso do sítio de Atibaia.
O clima era tenso desde o início quando Lula, escoltado pela Polícia Federal, chegou ao tribunal, onde já se aglomeravam centenas de manifestantes e simpatizantes, agitando bandeiras e entoando palavras de ordem em sua defesa.
A juíza Gabriela Hardt, substituta de Sérgio Moro, conduziu o interrogatório com visível insegurança, tentando justificar as acusações que pesavam contra Lula.
O diálogo inicial foi marcado por embates diretos. Lula, frustrado com a situação, questionou se era considerado o proprietário do sítio, o que a juíza refutou, explicando que a acusação se centrava nos benefícios obtidos por ele por meio de reformas. Ou seja, era uma situação surreal, na qual os expectadores, inebriados com a máquina criada pela Lava Jato, não paravam para refletir a absurdez a qual assistiam.
Essa sessão foi pontuada por momentos de tensão, com interrupções frequentes dos advogados de Lula, Cristiano Zanin e José Roberto Batochio, e do procurador Athayde Ribeiro Costa, do Ministério Público Federal, que debatiam – diante de uma juíza pusilânime – sobre a condução do interrogatório e a possibilidade de Lula exercer sua autodefesa.
Assista a trechos:
Após horas de depoimento, Lula reafirmou sua inocência quanto ao conhecimento ou envolvimento nas reformas do sítio e criticou a maneira como as acusações foram apresentadas ao longo dos anos.
A juíza Hardt, por sua vez, manteve uma postura autoritária, ato comum de quem tenta escamotear a inexperiência, interrompendo Lula quando considerava que o depoimento se desviava para o discurso político, que era o verdadeiro motivo da ação.
No fim do dia, o ex-presidente retornou à carceragem, enquanto as opiniões sobre o interrogatório se dividiam entre críticas ao sistema judicial e apoio ao ex-presidente.
O evento não apenas capturou a atenção do Brasil naquele momento, mas também continuou a ser um ponto de discussão sobre justiça e política nos anos subsequentes.
E, não por acaso, está em pauta hoje novamente.
Veja a íntegra do depoimento: