Em um país onde a média de leitura por habitante é de 2,55 livros por ano, um dado chama atenção: detentos em uma unidade prisional no Brasil chegam a ler até 36 livros no mesmo período. A descoberta desses números intrigantes despertou reflexões sobre o papel da leitura na vida das pessoas privadas de liberdade. Esse contexto, é retratado na obra "Eu sou a minha liberdade" (Editora Appris 140p.), escrita por Amanda Antunes Bueno.
Projetos que incentivam a leitura nas prisões, como o de remição de pena por meio de resenhas, possibilitam que detentos diminuam até quatro dias de suas sentenças a cada mês. No entanto, surge a questão: a experiência de leitura para alguém confinado em uma cela é equiparável à de alguém que desfruta do conforto do lar?
"Amanda Antunes Bueno, jornalista e amante da literatura, mergulhou nesse universo pouco explorado. Em sua obra, ela dá voz aos detentos, detentas e ex-detentos de unidades prisionais de Florianópolis, revelando as histórias que habitam por trás das grades. Transitando pelos corredores hostis que essas pessoas temporariamente chamam de lar, Amanda oferece sua escuta sensível, sua compreensão e sua habilidade de transformar experiências em narrativas tocantes", destaca Mauri König, renomado jornalista brasileiro.
Para Amanda, o desafio vai além de meros números e estatísticas. É sobre captar a essência humana e traduzi-la em palavras. Sua obra não só destaca a importância da leitura na ressignificação da vida dentro das prisões, mas também ressalta a necessidade de empatia e compreensão para com aqueles que, apesar de encarcerados, não perdem sua humanidade.
Com leveza e qualidade narrativa, Amanda Antunes Bueno reafirma que a verdadeira reflexão surge quando unimos os dados frios aos relatos vívidos daqueles que vivenciam a realidade das prisões brasileiras.
Sobre o autor:
Amanda Antunes Bueno é jornalista formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, apaixonada por literatura e pela arte de contar histórias, e sempre faz seus trabalhos norteada por um mesmo objetivo que é, fazer ecoarem as vozes de seres humanos que têm muito a dizer, mas, nem sempre, a possibilidade de serem ouvidos.