“A primeira é que há grandes trovoadas de pancadas em um filho meu, sendo uma criança que lhe fez extrair sangue pela boca, em mim não posso explicar que sou um colchão de pancadas, tanto que caí uma vez do sobrado abaixo peiada; por misericórdia de Deus, escapei. A segunda estou eu e mais minhas parceiras por confessar há três anos. E uma criança minha e duas mais por batizar.”
O trecho acima foi peticionado por Esperança Garcia, reconhecida pela OAB como a primeira advogada do Brasil em 2022. No documento, Esperança denunciava os abusos cometidos por seu administrador, o capitão de ordenança Antônio Vieira do Couto, que submetia ela seus filhos a maus-tratos físicos.
Embora a petição assinada pela primeira advogada seja de 1770, foi apenas em 2021 que as mulheres tornaram-se maioria na advocacia. Desde então, o número cresce, mas fica estagnado em relação a cargos de liderança na Justiça.
Dados de fevereiro de 2024 (26/2) mostram que, apesar de representarem 51% dos profissionais do país e liderarem 19 Estados, apenas cinco advogadas presidem as seccionais do Brasil. Além disso, os números de vice-presidentes vem diminuindo. Confira:
Números gerais
De acordo com dados divulgados pela OAB, atualmente, no país existem 1,37 milhões de advogados, sendo 51% mulheres (708,5 mil) e 49% homens (66,8 mil).
Por Estado
Já por região, elas também lideram. São a maioria em 19 Estados, sendo eles SP, RJ, MG, RS, PR, BA, GO, SC, DF, PE, ES, PA, MT, AM, SE, RO, TO, AP, RR.
Presidência e vice
Entretanto, apesar de serem a maioria na profissão, apenas 5 mulheres presidem as seccionais do país.
São elas: Gisela Cardoso, do MT; Daniela Borges, da BA; Patrícia Vanzolini, de SP; Marilena Indira Winter, do PR; e Cláudia da Silva Prudêncio, de SC.
Já o número de vices diminuiu de 22 para 20, comparado ao último levantamento realizado em 2022.
Presidência de tribunais
Levantamento realizado por Migalhas em 2023 mostrou que havia 617 representantes do sexo feminino atuando como desembargadoras e ministras nas Cortes do Brasil, num total de 2.477 cargos, ou seja, 25%.
Ao atualizar o levantamento, pouco menos de um ano depois, vemos que o número aumentou. Há hoje 651 mulheres nos cargos, em um total de 2.549 cadeiras. Entretanto, estes números ainda representam os mesmos 25% anteriores.