A boa comunicação entre o Judiciário e a sociedade é também uma forma de garantir o acesso à Justiça. Assim acredita Kleiton Ferreira, juiz Federal atuante no TRF da 5ª região.
O magistrado ganhou a fama nas redes sociais por um motivo nobre: a forma empática e humana como se comunica com as partes em audiência.
Ele é de Alagoas, mas atua hoje à frente da 9ª vara da Justiça Federal em Propriá, Sergipe, a chamada "princesinha do rio São Francisco", terra do ministro Ayres Britto.
Em entrevista ao Migalhas, Kleiton contou que percebe o nervosismo das pessoas ao falarem com o juiz, o que, muitas vezes, as impede de falar. Por isso, ele desmancha o estereótipo do juiz sisudo, e busca formas de "quebrar o gelo".
Assista:
História
Kleiton Ferreira nasceu em Arapiraca, Alagoas, e, quando ainda era estudante de Direito, fez estágio na Justiça Federal. Depois de formado, exerceu por dez anos a advocacia, até finalmente ser aprovado para o cargo de juiz.
Ele tomou posse em novembro de 2020, durante a pandemia, e fez suas primeiras audiências em meio virtual. Foi quando percebeu que, principalmente por meio da tela, as pessoas tinham dificuldade de conversar com o juiz.
Kleiton conta que foi um menino muito sonhador, e queria ser cineasta. Como seguiu a carreira jurídica, lhe restou escrever. Hoje, mantém no Instagram o perfil @KleitonEscritor, onde publica algumas narrações de seus textos. "Escrever me realiza muito." Também é neste perfil que Kleiton passou a publicar trechos marcantes de suas audiências.
Além de escrever contos, Kleiton está prestes a publicar seu primeiro romance: A Espada da Justiça. O romance tem como personagem um juiz Federal com problemas psicológicos, que acabam atrapalhando a atividade como magistrado.
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Potencial viral
Quando perguntado sobre qual seria, na opinião do juiz, o motivo de os vídeos terem tanta repercussão, Kleiton observa que suas publicações mostram um contraste com o estereótipo de juiz sisudo esperado pelas pessoas.
"Depois de os primeiros vídeos, comecei a ter essa dúvida. E a conclusão a que cheguei é que as pessoas fizeram uma comparação. Depois da pandemia, a rede social descortinou o Judiciário. Foi preciso o Judiciário usar as videoconferências como meio para realizar as audiências, e nessas audiências alguns colegas acabaram ficando em evidência, como maus exemplos. A mídia começou a expor, e isso reforçou nas pessoas o estereótipo do juiz sisudo, aquele juiz que usa martelinho, peruca, aquela ideia de que é sério. Quando viram meus vídeos, isso apareceu como um contraste. 'Existe juiz assim? Nunca imaginamos que uma audiência pudesse ser assim'. Esse contraste é que acaba causando comoção, e fazendo com que o vídeo viralize."
Migalhas pelo Brasil
Onze anos atrás, a TV Migalhas, que percorre todo o território nacional buscando informação e cultura, esteve na bela Propriá/SE, cidade onde hoje atua o juiz Kleiton. A cidade, banhada pelo rio S. Francisco, é terra do poeta e jurista Carlos Ayres Britto.
Veja como foi nossa visita ao fórum local, em maio de 2012: