Os alunos da Faculdade de Direito da USP - Universidade de São Paulo, no Largo de São Francisco, aderiram, nesta terça-feira, 26, à greve iniciada pelos estudantes da FFLCH - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas na semana passada. Os estudantes exigem que a reitoria contrate professores efetivos, devido ao cancelamento de disciplinas e à ameaça de suspensão de cursos inteiros devido à escassez de docentes.
A decisão foi tomada em assembleia realizada na noite desta segunda-feira, 25, com a presença de 630 estudantes. Segundo o Centro Acadêmico XI de Agosto, 606 alunos votaram a favor da paralisação.
As atividades acadêmicas foram suspensas, bem como as aulas (presenciais e onlines), provas e entregas de trabalhos. Além disso, as entradas da Faculdade foram bloqueadas com cadeiras e mesas nas entradas, com exceção da Riachuelo, a única entrada parcialmente piquetada com controle de acesso.
Nesta terça-feira, 26, acontecerá uma assembleia de professores da Adusp - Associação de Docentes da USP para decidir se haverá adesão à greve iniciada pelos estudantes. Ainda nesta terça-feira, está marcado um protesto dos estudantes em direção ao Largo da Batata, em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo.
Entenda os motivos da paralisação, segundo o Centro Acadêmico XI de Agosto:
1 - Cotas PPI para concursos de professores
As cotas para docentes PPI não são efetivas, visto que só são aplicadas para concursos com mais de três vagas, o que raramente acontece na Sanfran. Nosso quadro de professores está prestes a se renovar e os mesmos corpos e pensamentos não podem continuar sendo os únicos a ocuparem esse espaço.
2 - Disparidade no oferecimento de optativos entre os turnos
O quadro de docentes da São Francisco diminuiu em 30 professores nos últimos nove anos. Essa diminuição gera sobrecarga dos professores, que priorizam dar optativas para o diurno, ao invés do noturno. Lutar pela reposição automática de vagas é um meio para apaziguar as disparidades entre os turnos.
3 - Espaços estudantis
A falta de uma sala para entidades, o estado precário da Sala de Teses, os problemas recorrentes nos banheiros, entre outros, são graves questões de infraestrutura que prejudicam e dificultam a qualidade da nossa graduação.
4 - Demora para a conclusão das reformas
As reformas do Largo, da biblioteca e do novo bandejão estão acontecendo há meses, sem a previsão de término ser informada com clareza às estudantes.
5 - Bandejão
Os horários de funcionamento do bandejão não contemplam as necessidades dos estudantes. É preciso que se estenda os períodos de abertura e/ou fechamento das refeições.
6 - Permanência
800 reais do PAPFE não são o suficiente para viver em São Paulo e há uma série de problemas na seleção e distribuição do axílio. Além disso, as bolsas de pesquisa não são vistas como uma questão de permanência.
7 - Acessibilidade
A Sanfran é um local muito pouco acessível para PCDs, desde a subida do Anhangabaú até as escadas dentro das salas de aulas, as estudantes com deficiência encontram uma série de obstáculos cotidianamente a sua graduação. Além disso, é de extrema importância e urgência que haja um acompanhamento psicopedagógico às estudantes neurodivergentes na FDUSP, uma educação especial como modalidade transversal e inclusiva.
8 - Intercâmbio
As chamadas "bolsa mérito" em usa grande maioria não contemplam as estudantes pobres, as quais realmente precisariam de auxílio para realizar um intercambio, de forma que funcionam como uma verdadeira distribuição inversa de renda.
9 - Expansão da política de cotas
A universidade, infelizmente, ainda não é um lugar acessível a muitas estudantes. Por isso, é essencial que o movimento estudantil se mobilize na luta por Cotas Trans e Cotas nos cursos de pós-graduação.
10 - Solidariedade aos outros cursos
Como parte da USP, devemos nos solidarizar com a situação dos demais cursos da universidade.